A diabete é uma doença grave, crônica, muito frequente, que provoca hiperglicemia e resistência à insulina. Nos últimos anos ela tem aumentado muito na população idosa. Existe dois tipos de diabete: tipo 1 que ocorre já na infância e é considerada autoimune, com grande influência genética. A tipo 2, aparece com a idade, comprometendo mais idosos, sendo explicada em parte pelo desgaste dos órgãos. A diabete apresenta muitas complicações, como insuficiência renal, arteriosclerose, comprometimento ocular, entre outros.
Qual a relação da doença diabete com as rugas?
Sabemos que a pele do diabético é mais seca e que cicatriza com dificuldade. Esses fenômenos estão relacionados com um processo de glicação proteica. Essa glicação ocorre quando uma molécula de glicose (açúcar) adere a uma molécula de proteína e sem a ajuda de enzimas, forma complexos avançados de glicação, que são chamados AGEs. Essas cadeias, com uma ligação muito forte, entre o açúcar e a proteína, formam complexos permanentes, que endurecem o colágeno (proteína) provocando arteriosclerose, catarata, comprometimento neurológico e também as rugas.
A hiperglicemia, que ocorre no diabete parece favorecer a formação desses AGEs, que também são formados com o envelhecimento natural. Então concluímos que a diabete é uma doença que envelhece e quanto melhor controlada, mais irá preservar os órgãos e tecidos.
Fatores importantes no dia a dia podem favorecer a formação dos AGEs e contribuírem com o envelhecimento precoce. Entre eles estão: o sol excessivo, estresse e a dieta. Se a glicação ficar fora de controle, muitas proteínas vitais serão degradadas e destruídas. A capacidade natural de proteção contra a glicação diminui com a idade e por isso os danos são mais intensos nos idosos, principalmente após os 65 anos.
Produzimos AGEs endógenos quando ingerimos alimentos com alto índice glicêmico, ou seja, aqueles que se transformam em glicose rapidamente. Esses alimentos provocam picos de açúcar no sangue, o que resulta em inflamação e produção excessiva de AGEs, tornando esse processo um círculo vicioso. Os AGEs podem ser produzidos quando cozinhamos proteínas em altas temperaturas, ou também em baixas temperaturas por muito tempo. Grelhar a carne de um churrasco ou caramelizar cebolas, verduras, frituras, levam a formação excessiva de AGEs. Cozinhar batatas ou alimentos ricos em amidos pode gerar a formação de uma substância tóxica, como a acrilamida que por sua vez intensifica a ação dos AGEs. Além da proteção solar, a saúde do idoso deve ter cuidados especiais com a dieta para manter a pele mais jovem e com menos rugas.
Seguem alimentos que podem ter AGEs excessivos:
• Todos os alimentos cozidos em altas temperaturas.
• Alimentos cozidos a baixas temperaturas por períodos longos, sem líquido.
• Carnes na brasa, carnes assadas no fogo.
• Aves: frangos, peru etc, assadas em rotisserie, deixando a pele dourada.
• Alimentos fritos.
• Nozes e sementes assadas ou torradas.
• Alimentos assados e embalados, de cor marrom-escura acentuada.
• Lanches ou alimentos prontos (batatas chips, pretzels, etc).
• Fast-foods (a maioria tem gorduras trans).
• Café (tem os grãos torrados até escurecer, o que favorece a formação de AGEs).
• Todos os tipos de refrigerantes; pelo alto o teor de açúcar, presença de xarope de milho com alto teor de frutose e benzoato de sódio, um conservante comum que pode ser cancerígeno.
Dicas para alimentação mais saudável no idoso:
• Dieta leve e balanceada.
• Evitar excesso de carboidrato.
• Evitar gorduras trans.
• Evitar carne grelhada.
• Ingerir 5 porções de frutas por dia.
• Ingerir grande quantidade de legumes e verduras verdes.
• Cozinhar alimentos com água.
• Abusar dos peixes: salmão, sardinha, anchova, atum.
Sempre seguir a instrução do médico especialista em relação às medicações específicas, uso de antioxidantes e vitaminas e até cosméticos adequados. Estão sendo desenvolvidas novas drogas que no futuro terão capacidade de neutralizar os AGEs e evitar o envelhecimento precoce.
Fonte: Dra. Denise Steiner é coordenadora do Departamento Científico da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).