A nutricionista Paula Fernandes Castilho esclarece quais são os alimentos que parecem saudáveis, mas podem apresentar armadilhas que fazem mal ao organismo.
Leite, cereais integrais, muita soja, frutas, verduras, legumes, gelatinas para as crianças, pães com diferentes grãos, iogurtes que ativam o intestino… Será que isso tudo é garantia de uma alimentação saudável? Muitos dos alimentos que pensamos ser bons para o organismo podem, na realidade, fazer mal à saúde.
Vamos analisar: “Leite! Claro, vou ao supermercado e abasteço minha casa com leite para o mês todo. Compro caixas de leite longa vida e garanto o cálcio para a família”.
Mas, se o leite é um produto altamente perecível, como ele pode durar um mês em nossa casa e seis meses nas prateleiras do supermercado e ainda manter intactas suas propriedades nutricionais? Será que o cálcio que precisamos vem mesmo do leite? Como as vacas produzem todo esse cálcio se elas só se alimentam de capim? Será que o cálcio de que precisamos não está presente em grande quantidade nas verduras mais escuras?
Mas então não se deve mais tomar leite? O ideal é tomá-lo fresco, de preferência orgânico, livre dos resíduos de agrotóxicos e promotores de crescimento presentes nas rações dos animais. O iogurte caseiro faz muito bem à saúde, ativa o intestino naturalmente, e não precisa de nenhum aditivo comercial para isso. Se for batido com frutas ou adicionado de granola, por exemplo, fica saboroso e muito saudável.
As crianças gostam de leite com achocolatado certo? Bata o leite fresco com cacau em pó e coloque numa jarra de vidro bem bonita e sirva em copos altos com canudos coloridos. Mais saudável, bonito e cheio de amor – eles certamente vão sentir esse carinho.
Os alimentos integrais são excelentes, certo? Eu diria meio certo. Os alimentos integrais são excelentes desde que sejam orgânicos, caso contrário se estará ingerindo altas doses de agrotóxicos presentes nessas fibras que tanto bem fazem ao nosso organismo.
Um pão com muitos grãos é ótimo, o que não é bom são os conservantes adicionados para que o pão dure na prateleira do supermercado. Bolachinhas com 0% de gordura trans seriam ótimas se isso fosse de fato verdade.
De acordo com a Anvisa, alimentos que apresentam até 0,2 gramas de gordura trans não precisam declarar a quantidade da gordura, podendo ser expressa como zero ou não contém gordura trans. Menorzinho ainda, lá nos ingredientes aparece gordura vegetal ou gordura vegetal hidrogenada, que nada mais é que a famigerada gordura trans, presente em bolachas, biscoitos, sopas instantâneas, sorvetes, etc.
Ao encontrar a informação de que o produto é livre da gordura trans, veja imediatamente os ingredientes, na maioria das vezes você encontra a gordura vegetal escondidinha lá.
Gelatina é uma sobremesa saudável, firma a pele e… tem tanto corante e aditivo químico, que deveríamos ficar vermelhos de vergonha de oferecer isso às crianças. Gelatina incolor com sucos e pedacinhos de frutas orgânicas é uma excelente sobremesa. Simples, barata e essa sim, faz bem à Saúde.
A soja também é um alimento endeusado, mas se esquece que a maioria das lavouras de soja, assim como as de milho, hoje em dia é transgênica. Precisamos entender que a Natureza é sábia e generosa, não há alimento especial, todos têm sua importância desde que sejam frescos ou no máximo processados com critério. Aqui se ressalta mais uma vez a importância dos alimentos orgânicos que nos defendem das sementes transgênicas, dos agrotóxicos, das irradiações, dos promotores de crescimento e dos aditivos químicos, no caso dos processados.
O que me espanta é que somos tão cuidadosos quando vamos comprar roupas, sapatos, artigos de limpeza, higiene e beleza. Exigimos qualidade, examinamos o produto, comparamos marcas. No entanto, quando se trata do alimento, que nutre nossa Vida, que nos dá Saúde, somos tão facilmente enganados. Ativistas da Saúde, do Bem Estar, da Qualidade de Vida, o nome não importa muito, respeitar a Vida sim.
Cortar de vez doces e gorduras
Errado. Muitas pessoas pensam que para reeducar a alimentação é preciso cortar o mal pela raiz. Porém, comer guloseimas e gordura eventualmente não quer dizer ter uma alimentação ruim. Existe uma faixa de consumo de gordura e de doces aceitável para se consumir todos os dias. Ninguém está livre de comer um doce ou de usar óleo para fazer comida. O problema é só quando isso passa a ser exagero. Na alimentação saudável entra de tudo. Por isso, não é nenhum crime querer um docinho de vez em quando.
Quanto menos calorias melhor
As calorias são grandes inimigas de quem resolve fazer dieta? Não necessariamente. Quem quer ter uma alimentação saudável não precisa ficar se preocupando demais com as calorias. Às vezes temos produtos alimentares que são mais calóricos e mais vantajosos. Um bom exemplo é um pão de forma normal e um pão de forma integral. O integral é até mais calórico, porém a quantidade de fibras compensa as calorias extras e acaba sendo melhor optar pelos integrais. É sempre melhor avaliar quais benefícios os alimentos podem trazer ao organismo em vez da quantidade de calorias que ele vai trazer.
Só na saladinha
Dica: não fique apenas na salada. Se você pretende ter realmente uma alimentação saudável, não pode focar apenas em um grupo alimentar. Aqui cabe definir que a lógica da alimentação completa e equilibrada é incluir no cardápio um pouco de cada grupo alimentar, ou seja, uma fonte de energia, vitaminas, minerais e proteínas. Se você ficar só na salada, dificilmente vai conseguir satisfazer todas as necessidades de nutrientes do seu organismo. Sem contar que uma hora vai enjoar de fazer sempre a mesma refeição.
Queime todos os carboidratos
Como toda fonte de energia, os carboidratos servem para serem gastos. Mas, alto lá: não se esqueça de repor tudo de volta. Carboidratos são essenciais para o organismo, na medida em que são responsáveis por atividades corriqueiras como andar, correr e trabalhar. As pessoas costumam achar que precisam bani-los da dieta para não engordar. Tem até dieta que propõe cortes desse grupo. Mas isso, além de ser um erro, pode comprometer a saúde, uma vez que sua ingestão também alimenta as células do corpo, em especial as do sistema nervoso central. Carboidratos não podem ser cortados da dieta. Muito pelo contrário, é recomendado seguir uma alimentação que forneça pelo menos 50% do seu total calórico deste grupo alimentar.
Fonte: Paula Fernandes Castilho, nutricionista