Os hormônios possuem grande importância no envelhecimento devido à diminuição de alguns durante esse processo. Dessa forma, existe a hipótese de que a reposição hormonal possa retardar o envelhecimento.
Diante do crescente interesse em tratamentos rejuvenescedores que apresentem bons resultados, a terapia de reposição hormonal tem-se destacado no meio científico.
Mas quais são os reais benefícios do seu uso? Os possíveis efeitos colaterais estão bem definidos? Uma revisão sobre os estudos conhecidos traz estas respostas.
Reposição de Hormônio do Crescimento (GH)
A análise de estudos sobre o uso de GH como agente antienvelhecimento em pacientes sem deficit do hormônio traz evidências que não sugerem benefício real. Por isso, estudos usando a reposição de GH na “somatopausa” têm sido desanimadores.
Uma análise envolvendo 15 estudos no período de 1985 a 2004, não observou evidência de que o tratamento com GH melhore a qualidade de vida e o bem-estar dos pacientes.
Não existem provas definitivas de que indivíduos idosos realmente se beneficiem do tratamento com GH. Estratégias destinadas a aumentar a secreção espontânea de GH, como sono e exercícios físicos, são mais seguras e certamente menos caras do que o esquema de suplementação com GH.
O elevado custo do tratamento e a falta de evidências científicas consistentes sobre os reais ou potenciais benefícios dessa terapia em idosos são as principais limitações para seu uso clínico.
Reposição de DHEA
Em um dos estudos, a reposição de 50mg DHEA durante seis meses tanto em homens como em mulheres acima de 50 anos mostrou significativo aumento do bem-estar em ambos os sexos. Já em outro estudo, a reposição de 50mg de DHEA durante quatro meses mostrou pouca melhora no humor e nenhuma alteração no bem-estar dos pacientes.
Um terceiro estudo não demonstrou melhora na qualidade de vida em pacientes idosos que receberam DHEA durante dois anos em comparação ao grupo que recebeu placebo.
É importante ressaltar que o DHEA em homens idosos leva a aumento da testosterona, que ao transformar-se em desidrotestosterona pode induzir o crescimento de células prostáticas tanto normais quanto tumorais, sendo totalmente contraindicada a reposição hormonal na hipertrofia prostática.
Já em mulheres, deve-se atentar ao fato de que o DHEA se transforma em estrogênio, sendo necessários rígido controle do hormônio e avaliação de fatores de risco para câncer de mama.
Nos anos 90 o DHEA recebeu o título de hormônio da juventude em edição do Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism. Apesar de muitos estudos demonstrarem efeitos positivos da reposição de DHEA em idosos, outros não trazem evidências desse benefício, sendo ainda controverso seu uso no rejuvenescimento. Dessa forma, não existem evidências suficientes para recomendar o tratamento de rotina com DHEA.
Reposição de Melatonina
A melatonina apresenta a fama de ser droga milagrosa, e grande número de pessoas idosas e de meia idade dela tem feito uso diariamente. Apesar da existência de muitas teorias relacionando melatonina ao envelhecimento, entretanto, seu papel nesse processo ainda não está claro.
De forma resumida, as razões pelas quais a melatonina poderia participar no envelhecimento seriam as seguintes: diminuição da produção durante a vida, potente ação antioxidante, redução da eficácia do sono associada à diminuição de sua produção, deterioração do ritmo circadiano com o passar da idade e propriedades imunomoduladoras.
Apesar disso, devemos aguardar mais evidências clínicas antes de realizar qualquer recomendação precisa em relação à melatonina. Estudos futuros e ensaios clínicos são necessários para avaliar tanto a eficácia como a segurança do uso desse hormônio em humanos.
Conclusão
A terapia de reposição hormonal em idosos é foco de crescente interesse na medicina devido à queda na produção e função hormonal com o passar dos anos. Dessa forma, muitas pessoas têm apostado na reposição hormonal como fonte de juventude na atualidade.
Essa relação, porém, ainda é incerta, os resultados dos estudos são controversos até o momento, existem poucos ensaios clínicos comparados com placebo, e a maioria dos estudos não engloba um grande número de pacientes ou período de tempo prolongado.
Sendo assim, a segurança da terapia de reposição hormonal para rejuvenescimento ainda não foi estabelecida, bem como a relação risco/benefício e os efeitos colaterais.
O uso de ferramentas antienvelhecimento alternativas que apresentem efeitos benéficos comprovados ao organismo e que auxiliem na produção hormonal, tais como bom sono, alimentação correta e prática de exercícios físicos, trazem resultados mais precisos e não apresentam riscos quando o assunto é envelhecimento e qualidade de vida.
Fonte: Surgical & Cosmetic Dermatology, vol. 4, nº 4