Com o passar dos anos, aos poucos nossa expressão se modifica: surgem linhas e sulcos, o rosto perde volume em algumas áreas e ganha em outras. Esse processo é natural e irreversível mas é possível atenuá-lo, utilizando gordura do próprio corpo
Uma das alterações mais importantes é a perda de colágeno e elastina, que reduz a elasticidade da pele e leva ao aparecimento de rugas e sulcos. A atrofia dos tecidos moles (músculos, pele e gordura) diminui o volume em regiões como as maçãs do rosto e realça o contorno dos ossos sob a pele. A redistribuição da gordura acentua os sulcos nasolabiais e deixa o contorno facial menos definido.
Essas mudanças se manifestam com maior ou menor intensidade conforme fatores genéticos e estilo de vida. Hábitos como tabagismo e exposição ao sol exagerada ou sem proteção adequada, por exemplo, influenciam esse processo.
É possível suavizar as marcas do tempo utilizando a gordura do próprio corpo para preencher as áreas em que ela se torna escassa, como explica o cirurgião plástico André Eyler, do Rio de Janeiro, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da American Society of Plastic Surgeons.
“Além de devolver o volume às regiões atrofiadas, a técnica rejuvenesce a pele porque a gordura aspirada contém uma gama de células-tronco capaz de levar à formação de novas células de tecido cutâneo, o que irá gerar uma renovação completa no local,” destaca.
Sem risco de rejeição
A gordura pode ser fornecida por qualquer outra parte do corpo que contenha esse tecido em excesso mas, em geral, é removida do abdômen, por meio da cicatriz umbilical, com anestesia local ou tópica.
A paciente também pode optar por associar à lipoenxertia uma lipoaspiração para remodelar outras partes do corpo, como os culotes e a cintura. Nesse caso, o procedimento é feito com anestesia geral, peridural ou local, dependendo do número de áreas abordadas.
Qualquer que seja a opção, o médico, primeiro, infiltra no local uma solução composta por soro fisiológico e adrenalina que reduz o sangramento e, consequentemente, o trauma cirúrgico. “São introduzidas cânulas ou seringas de lipoaspiração através da pele até o tecido adiposo, de onde a gordura é aspirada por meio de um sistema de vácuo,” detalha o especialista.
Em seguida, o material aspirado é tratado: são retiradas as células de gordura rompidas, o sangue e os resíduos de anestésico. Somente após esse tratamento a gordura é enxertada em um novo local, por meio de seringas muito finas. Geralmente, é recomendada apenas uma sessão. Se houver necessidade, o médico faz um retoque depois.
“Uma das grandes vantagens da lipoenxertia facial é que, embora 30 a 50% do volume implantado sejam reabsorvidos, o restante é permanente. Além disso, a utilização de um elemento do próprio corpo reduz consideravelmente as chances de rejeição”, destaca. As contraindicações são diabetes, doenças do colágeno, alterações renais ou hepáticas, bem como uso de anticoagulantes.
A técnica é indicada para preenchimento do sulco que se forma entre o nariz e a boca, popularmente chamado bigode chinês, e dos que se instalam ao redor da boca e dos olhos. A lipoenxertia nas maçãs do rosto recupera o volume perdido e rejuvenesce a face.
O método pode ser usado também para aumentar os lábios, que se tornam mais finos devido à falta de colágeno. Outra região que evidencia a passagem do tempo, as mãos se beneficiam do implante de gordura, assim como os glúteos e mamas.
A lipoenxertia possibilita um rejuvenescimento natural, tendência que se firma cada vez mais na cirurgia plástica.