Não é só a pele que sofre nas altas temperaturas das estações mais quentes do ano. Os cabelos também são bastante danificados nessa época – principalmente porque a grande maioria de homens e mulheres já se submeteu a muitos processos químicos como escovas progressivas, balaiagem ou mudança da coloração. “Esses processos trazem um dano primário à estrutura capilar, portanto os cuidados devem ser redobrados”, comenta a dermatologista Dra. Thais Pepe, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia. Para entender melhor os danos que os cabelos estão submetidos no verão, a dermatologista explica as principais dúvidas:
Prender demais os cabelos faz mal?
Nesse caso, são dois danos: a curto e a longo prazo. “A curto prazo, os prendedores podem quebrar os fios e enfraquecer o cabelo”, explica. “Depois, a tração constante pode provocar queda capilar”, afirma. O melhor é evitar, principalmente os prendedores de silicone, os de borracha ou grampos. Mas se não puder, uma alternativa é usar os “hashis” de madeira ou plástico.
Quais os danos ao cabelo se eu me expuser ao sol?
Muitos! “Ao ficar muito tempo em exposição, os fios passam por um processo oxidativo devido a ação dos raios UV. A luz solar afeta a cutícula do cabelo e catalisa a degradação das proteínas, além de provocar a oxidação da melanina através de radicais livres e o comprometimento da queratina. Os danos vão de descoloração do cabelo à redução da força dos fios e perda de brilho”, explica a dermatologista Dra. Thais Pepe. Além disso, o couro cabeludo pode sofrer queimaduras, principalmente para quem tem os cabelos muito finos e muitas vezes se esquece de usar chapéu ou boné – ou divide o cabelo da risca do meio à lateral e esquece de passar o protetor solar em spray. “Então, há uma alteração da boa qualidade desse couro cabeludo, que sofre um processo inflamatório local, levando à formação de radicais livres. Com isso, há uma piora para quem sofre com queda capilar”, completa. O que fazer? “Para proteção dos fios, os óleos são muito eficientes, pois formam um filme de emoliência e de resistência, protegendo como se fosse uma capa de lipídeos. E temos vários óleos interessantes como o óleo de argan, de maracujá, de cupuaçu, de endiroba e de damasco. No couro cabeludo, nas pessoas que têm poucos cabelos ou nas áreas rarefeitas, é obrigatória a aplicação dos filtros solares que podem ser em spray ou nas formas de loções fluídas, de preferência com FPS acima de 50 reaplicados a cada uma hora e meia.” O uso do boné ou chapéu também é indicado. “Eles devem ter abas largas e FPS presente no próprio material de confecção.”
O que acontece com meus cabelos se eu mergulhar na água do mar ou na piscina?
“Todas as vezes que o cabelo, que já tem um dano estrutural por processos químicos ou mesmo o cabelo virgem, é submetido à exposição do mar (por conta do sal e iodo), ou à areia, ou o cloro da piscina, há um dano à estrutura da cutícula, à ceramida desse fio. Com isso, a quantidade de proteínas presentes nessa haste sofre alteração e o cabelo pode mudar de coloração, ficar mais fino e sofrer fraturas e microfraturas na haste capilar”, afirma. A mudança de coloração é, inclusive, muito comum em pessoas que passaram por um processo químico e entraram em contato com o cloro da piscina. O que posso fazer? “Assim que voltar do mar ou piscina, passar a água dessalinizada e se não houver essa possibilidade, fazer a utilização das brumas em spray ou da água termal”, afirma.
Posso dormir com o cabelo molhado sem que isso prejudique os fios?
“Não. Esse é um hábito que compromete a saúde capilar. Os fios úmidos ficam frágeis e quebram mais em contato com o travesseiro. Além disso, dormir com cabelo molhado favorece o aparecimento da caspa e acelera a queda capilar”, explica. O que fazer? “Aplique um protetor térmico e depois use o secador.”
Outros danos – Lugares muito abafados e o excesso de calor também levam ao comprometimento da estrutura da fibra capilar, o que pode corromper a harmonia da estrutura, além de perda de água. E nessa época, fique atento: o ar condicionado também faz mal! “Ele diminui a umidade do ar e deixa os fios ressecados, desidratando e favorecendo o frizz”, explica. Hidratar os fios ou usar leave-ins como proteção é o indicado.
Fonte: Dra. Thais Pepe, dermatologista especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, membro da Sociedade de Cirurgia Dermatológica e da Academia Americana de Dermatologia. Diretora técnica da clínica Thais Pepe, tem publicações em revistas científicas e livros, além de ser palestrante nos principais Congressos de Dermatologia.