A limpeza é um passo crucial na rotina básica de cuidados com a pele. E você já deve ter ouvido falar que muitas impurezas podem favorecer o envelhecimento precoce: desde maquiagem até a poluição. Em 2018, virou febre mundial o K-Beauty e a rotina de cuidados com a pele das coreanas que incluía 10 passos, dentre eles a limpeza dupla (double cleansing). “O double cleansing consiste na primeira limpeza com solução micelar ou demaquilante e segunda limpeza com gel, foam ou leite de limpeza conforme o tipo de pele. O primeiro remove a maquiagem e poluição e o segundo retira as impurezas restantes e preparam a pele para o tônico”, afirma a dermatologista Dra. Valéria Marcondes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. O problema é que, agora, o K-Beauty vai além e preconiza o triple cleansing (limpeza tripla) e, antes que isso vire febre, é importante alertar porque isso pode não ser tão bom para sua pele.
Embora haja algumas variações na prática, o ponto crucial da técnica é incluir três limpadores separados. A rota de limpeza tripla, no geral, é começar com um limpador à base de óleo, seguido por um creme de limpeza e, em seguida, terminar com um gel ou limpador de espuma. Outra forma de triplicar a limpeza é usar primeiro um removedor de maquiagem ou limpeza, seguido por um óleo de limpeza e, finalmente, um limpador de espuma.
Mas com que frequência você deve limpar sua pele tão profundamente? No geral, a resposta parece ser que a limpeza tripla pode até ser benéfica em certas circunstâncias, mas muitas vezes não é necessária diariamente. “Para aqueles que trabalham em ambientes muito quentes ou sujos, com muita poeira, e para aqueles que aplicam maquiagem carregada no dia-a-dia, a limpeza em várias etapas pode ser útil para remover o excesso de resíduos na pele”, diz a médica. “Mas no geral ela não é necessário e pode até ser maléfica”, alerta.
Segundo a dermatologia, a tríplice limpeza, com a lavagem excessiva, especialmente com o produto errado, pode desequilibrar a pele quanto aos níveis normais de óleo e água, além de interferir na barreira cutânea e no microbioma cutâneo, deixando a pele seca, opaca e até irritada e inflamada. “Isto é bem pior para peles oleosas, porque quando esse óleo natural é retirado em excesso, o organismo super-compensa produzindo ainda mais oleosidade no que se torna um ciclo indutor de acne, sem fim”, afirma a médica.
Lavar demais não apenas deixa a sua pele mais oleosa, mas também pode danificá-la estruturalmente. “O excesso de limpeza pode levar à perda da função de barreira normal da pele, o que leva ao aumento da perda de água e sensibilidade ou risco de reação a produtos de cuidados com a pele”, explica. “Eu concordo que se uma pessoa usa várias camadas de maquiagem, uma limpeza pode não limpar completamente a pele, mas existem várias maneiras de realizar [a pele completamente limpa] sem usar três diferentes produtos de limpeza. O melhor método é utilizar um demaquilante indicado para o tipo de pele e de maquiagem e um sabonete.”
Além de ouvir a sua pele e levar em consideração seu ambiente e suas circunstâncias, o que é mais importante do que o número de limpadores que você usa é encontrar o sabonete certo para você. “Alguns pacientes podem achar que a limpeza não é suficiente, mas a chave aqui é escolher o limpador certo para o seu tipo de pele”, diz a dermatologista. “Todo mundo deveria lavar o rosto duas vezes por dia, mas sempre lembrando de hidratar e fotoproteger na sequência com produtos indicados ao seu tipo de pele”, finaliza.
Fonte: Dra. Valéria Marcondes – Dermatologista da Clínica de Dermatologia Valéria Marcondes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia com título de especialista e da Academia Americana de Dermatologia. Foi fundadora e é membro da Sociedade de Laser.