Genética, idade e sexo. Esses são os três principais fatores de risco para o desenvolvimento das varizes — veias dilatadas e tortuosas que perderam sua função causando danos estéticos e danos circulatórios. “Enquanto o fator genético é preponderante, o envelhecimento é um agravante; além disso, as mulheres são mais propensas ao desenvolvimento das varizes, por influência hormonal, já que têm as veias mais flácidas que os homens”, explica a cirurgiã vascular e angiologista Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. “No entanto, alguns hábitos também podem agravar a situação”, completa a médica.
Dessa forma, a médica explica que a gravidez, a obesidade e ficar muito tempo em pé ou sentado com as pernas cruzadas ou curvadas podem comprometer a circulação. “As varizes do sistema venoso externo podem doer, arder, dar sensação de peso às pernas e tornozelos, coçar, incomodar esteticamente e, dependendo do grau, levar a úlceras varicosas”, comenta. Não existe prevenção absoluta, mas há algumas medidas para retardar o seu aparecimento ou melhorar a circulação sanguínea. Mas será que é necessário abolir o salto alto, cancelar a musculação e não se depilar mais? A cirurgiã vascular explica quatro mitos sobre as varizes:
Salto alto provoca varizes?
“Não. Na verdade, não existe consenso em literatura científica que o uso de salto alto a longo prazo possa causar varizes. Mas devemos levar em conta que alguns trabalhos sugerem que existe, sim, um prejuízo no retorno venoso com o uso do salto. Também devemos levar em consideração que seu uso contínuo causa alteração de postura, encurtamento de tendão de Aquiles, e uma série de problemas ortopédicos. Existe um consenso entre os médicos que o mais adequado seria, no caso das usuárias mais assíduas de salto, que tentassem alternar a altura: com mais grossos (que dão mais estabilidade), dar preferência aos saltos de 3-4 cm para uso diário, e é claro, fazer atividade física regular e alongamento para tentar minimizar os efeitos deletérios que o salto pode causar”.
E fazer depilação com cera quente?
Não causa varizes nem vasinhos nas pernas. “As varizes são veias dilatadas na camada subcutânea; os vasinhos ocorrem dentro da camada da pele. Acreditava-se que a depilação por cera quente poderia desencadear o aparecimento pela vasodilatação provocada pelo excesso de calor, mas isso nunca teve corroboração em trabalhos científicos”, explica a cirurgiã.
E musculação?
“Assim como todo exercício que aumente a bomba muscular da panturrilha, a musculação é uma aliada, porque ajuda no retorno venoso.” A angiologista argumenta que os exercícios aeróbicos (nadar, correr, caminhar e pedalar) são os ideais para mexer o corpo e fugir do sedentarismo, o principal vilão para o surgimento das varizes. “No caso de quem pratica halterofilismo existe aumento do calibre das veias e diminuição da camada de gordura, o que torna as veias bem aparentes, porém cabe ressaltar que essas veias são normais, e não varicosas.”
Subir escadas dá varizes?
“Esse é um grande mito. Na verdade, esse é um exercício excelente para o retorno venoso”, explica. “Se fosse assim, proibiríamos aula de STEP nas academias. E é um exercício excelente para treinamento cardiopulmonar e extremamente benéfico para musculatura da perna”, argumenta. Exercícios de impacto como pular cordas também não pioram as varizes.
O que realmente agrava o problema?
“Um dos fatores que fazem com que as futuras mamães apresentem o problema nas pernas é hormonal: a progesterona aumenta a dilatação de todas as veias do organismo”, explica. Além disso, o crescimento do feto eleva a pressão nas veias das pernas. Para minimizar o problema, a recomendação é o uso de meias de compressão a partir do segundo mês de gravidez. O ideal é colocar pela manhã e tirar apenas na hora de dormir.
Além da gravidez, o anticoncepcional é um fator agravante, por ser hormonal, explica a Dra. Aline. “O anticoncepcional aumenta, também, a incidência de tromboflebite (inflamação da veia com formação de coágulo). Por conta do estrogênio, o método contraceptivo oral também aumenta o número de vasinhos”, conta.
Cuidado com as varizes
Dependendo do grau, elas podem até causar úlceras varicosas. “Cada caso requer um tipo de tratamento, que pode ser por meio da escleroterapia (substância química injetada dentro da veia), uso de lasers e radiofrequências, ou procedimentos que combinem as técnicas”, explica. Cirurgias também podem ser indicadas, a depender do caso, finaliza a médica.
Fonte: Dra. Aline Lamaita, cirurgiã vascular e angiologista