Passamos por um momento delicado da pandemia do novo Coronavírus. Apesar da recente flexibilização da quarentena e reabertura gradual do comércio, os números de casos e mortes devido ao COVID-19 continuam altos e sem previsão de diminuírem. Por isso, o uso de máscara continua sendo fundamental. “Muitas pessoas são assintomáticas ao Coronavírus, ou seja, podem ter e transmitir o vírus mesmo sem apresentarem nenhum sintoma. Além disso, as micropartículas do Coronavírus podem permanecer no ar por muito tempo. Logo, devemos usar máscara sempre que houver a necessidade de sair de casa”, explica a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. O problema é que, como muitas pessoas estão voltando a trabalhar, o período de utilização das máscaras passará a ser maior e o uso constante desses equipamentos pode causar uma série de danos à pele.
De acordo com a especialista, a utilização constante das máscaras de proteção pode, por exemplo, levar ao surgimento de dermatite de contato, tanto irritativa, quanto alérgica, devido aos materiais da máscara e a pressão exercida pelo equipamento sobre a pele. “Em casos de usos mais constantes, é ainda possível observar o aparecimento de secura, vermelhidão, descamação, infecções secundárias e maceração na pele, o que pode causar também o agravamento de algumas doenças pré-existentes, como a dermatite atópica, rosácea, psoríase e dermatite seborreica. O surgimento e agravamento de quadros de acne também são uma preocupação, visto que, além do ressecamento, as máscaras também podem causar a obstrução dos poros”, alerta. O problema ainda é agravado por dois fatores: o uso de máscaras N95, já que essas são mais apertadas, e a chegada do inverno. “O inverno é uma estação naturalmente mais fria e seca, o que, combinado ao uso constante da máscara, pode intensificar ainda mais o ressecamento e a irritação da pele.”
É claro que não usar máscara para se locomover até o trabalho ou retirá-la durante o experiente não é uma opção, afinal, o uso do equipamento quando não há possibilidade de distanciamento social é uma das principais formas de prevenir a transmissão e proliferação do vírus causador da COVID-19. Então, a melhor maneira de evitar o surgimento desses problemas na pele é apostar na realização diária de uma rotina de cuidados da pele visando manter intacta a barreira responsável por proteger o tecido cutâneo. “Comece realizando a higienização da pele, o que deve ser feito com sabonetes específicos para o seu tipo de pele, ou seja, quem possui pele oleosa deve optar por sabonetes líquidos formulados com ativos seborreguladores, enquanto quem possui a pele mais ressecada precisa realizar a limpeza com mousses mais hidratantes. Mas, independentemente do tipo de pele, o ideal nesse momento é investir no uso de produtos mais suaves e evitar fazer uma fricção acentuada enquanto higieniza a pele para não causar agressões ao tecido”, aconselha a Dra. Paola.
Em seguida, aposte na hidratação, que é de suma importância para restaurar e manter o equilíbrio fisiológico da pele. Procure por produtos que possuem ação emoliente, hidratante, regeneradora e anti-inflamatória para combater o ressecamento e os danos causados ao tecido pela máscara. Se sua pele está muito sensível ou irritada, vale a pena investir também no uso de máscaras cosméticas com ativos calmantes, como aloe vera e alfa-bisabolol. “Também é necessário ficar atento aos produtos e ingredientes que podem contribuir para a sensibilização da pele. Então evite a utilização de cosméticos formulados com fragrâncias e conservantes, além de ativos como retinol e alfa-hidroxiácidos”, recomenda a médica.
Para finalizar a rotina de cuidados com a pele, aposte no uso de um fotoprotetor com, no mínimo, FPS 30, mesmo se você for passar o dia dentro do escritório, já que os raios ultravioletas do sol são capazes de atravessar vidros e janelas. “Após o fotoprotetor, evite aplicar maquiagem ou então restrinja o uso desses cosméticos à região dos olhos, pois as sujidades da maquiagem podem ficar acumuladas na máscara, levando a diminuição da filtragem do ar e, consequentemente, reduzindo sua eficácia na hora de impedir a passagem de agentes patógenos como o novo Coronavírus”, destaca a especialista. E o mesmo vale para qualquer tipo de produto que possa depositar impurezas na máscara, incluindo alguns tipos de loções pós-barba e produtos skincare, como fotoprotetores com base e cosméticos formulados em veículos pesados, como cremes. Então preste atenção aos produtos que você aplica na pele na hora de realizar a rotina skincare.
Por fim, caso você note o surgimento de alterações na pele causadas pelo uso constante da máscara durante a reabertura, não pare de usar o equipamento. Nesse caso, o melhor é consultar seu dermatologista, seja por atendimento online ou consulta presencial, visto que grande parte dos médicos já reabriram suas clínicas para atender os pacientes. “O dermatologista poderá realizar uma avaliação de sua pele e, através do diagnóstico correto do problema, indicar o melhor tratamento para cada caso”, finaliza a Dra. Paola Pomerantzeff.