A córnea pode ser invadida por inúmeros agentes infeciosos como bactérias, vírus, fungos e parasitas, mas uma delas, a ceratite acanthamoeba, preocupa oftalmologistas pela dificuldade de extermínio do protozoário. A doença atinge principalmente usuários de lentes de contato que devem adotar cuidados especiais para evitar a infecção por parasita que acomete os olhos.
As fontes de infecção podem ser por piscina, mar, água-mineral engarrafada, mucosa nasal e cavidade oral de humanos, solo, ar, mas a principal forma e a mais frequente de contaminação são em usuários de lente de contato, já que normalmente higiene e conservação precária estão relacionadas à doença.
Segundo a oftalmologista Juliana Freitas, especialista em córnea, cirurgia refrativa e lentes de contato do D’olhos Hospital Dia, a lente de contato serve como um habitat para o parasita, pois está relacionada à capacidade das amebas aderirem à lente e, posteriormente, à superfície da córnea, por onde penetram, causando a infecção. “Esse é um problema oftalmológico grave que pode evoluir para o tecido da córnea e levar o paciente a uma baixa visão ou cegueira, mesmo quando adotado um tratamento agressivo. A dor intensa é um sintoma clássico da infecção”, explica.
A higiene inadequada das lentes de contato é considerada o principal fator de risco. A acanthamoeba já se mostrou presente entre todos os usuários de lentes de contato, mas o tipo que apresenta o maior risco são os usuários de lentes gelatinosas de uso diário e uso prolongado quando comparados aos que usam lentes rígidas gás-permeáveis. Os usuários de lentes rígidas, diante da dificuldade de adaptação, geralmente são acompanhados por oftalmologistas, levando a uma melhor prevenção.
Para diagnosticar é necessário fazer a raspagem da córnea para esfregaço corado com calcofluor branco ou para um meio de cultura pobre em nutrientes. Apesar do progresso no diagnóstico e tratamento, ainda não há medicamento eficaz para combater os casos de ceratite por acanthamoeba. Esses protozoários são mais susceptíveis aos agentes antimicrobianos que os cistos e altamente resistentes, dificultando o tratamento clínico da doença. Além disso, espécies e cepas diferentes, com variadas resistências, estão envolvidas, tornando difícil a identificação de uma ou mais drogas efetivas as amebas.
O tratamento é feito com polihexamidime e Biguanida tem duração indefinida. A doença poderá desencadear catarata, glaucoma e a perda da visão.
A ceratite por acanthamoeba apresenta quadro clínico bem estabelecido, mas é frequentemente confundida com outras ceratites infecciosas, como a ceratite herpética, o que retarda o início do tratamento específico.
Por ser devastadora a doença exige diagnóstico preciso, tratamento imediato e boa orientação são fatores fundamentais para um melhor prognóstico visual nesses casos.