HCor celebra os 40 anos da Operação de Jatene

adib jateneA cardiologia deve muitos de seus avanços e inovações ao Prof. Dr. Adib Jatene, expoente da cirurgia cardíaca mundial, que deixou um legado que jamais será esquecido. Além da vasta experiência que compartilhou com a comunidade científica, Dr Jatene imprimiu êxito em sua trajetória como cirurgião, desenvolvendo técnicas e realizando procedimentos de altíssima complexidade, que hoje são padrão ouro para a correção de anomalias congênitas.
Entre eles, destaca-se a Operação de Jatene, realizada para corrigir a Transposição das Grandes Artérias e que consiste na inversão da posição da artéria aorta e da artéria pulmonar, colocando-as na posição correta, para que o sangue que passa pelo pulmão e é oxigenado seja distribuído pelo corpo do bebê, permitindo que o cérebro e todos os órgãos vitais recebam oxigênio e o bebê sobreviva. Para homenagear os 40 anos deste procedimento que ganhou projeção mundial, o HCor celebra, nesta sexta-feira (13/11), o I Simpósio de Cardiologia Pediátrica do HCor.
O Prof. Dr. Adib Jatene foi responsável, na década de 50, por desenvolver o primeiro coração-pulmão artificial. Menos de uma década depois, Dr. Jatene criou válvulas artificiais apenas com materiais disponíveis no Brasil e também a técnica de sucesso da correção de artérias transpostas em bebês – cirurgia que ficou mundialmente conhecida como a Operação de Jatene.
Em novembro de 2014, Dr. Jatene, considerado grande médico, cientista, pesquisador, homem público, mas que sempre enxergava as pessoas que sofriam como únicos, faleceu, encerrando sua jornada na cardiologia, acumulando mais de 20 mil procedimentos cirúrgicos realizados e três passagens em cargos públicos – um como Secretário de Estado da Saúde e outras duas como Ministro da Saúde.
A Operação de Jatene, ou Cirurgia para Transposição das Grandes Artérias (TGA) se baseia na inversão da posição da artéria aorta e da artéria pulmonar, colocando-as na posição correta, para que o sangue que passa pelo pulmão e é oxigenado seja distribuído pelo corpo do bebê, permitindo que o cérebro e todos os órgãos vitais recebam oxigênio e o bebê sobreviva.
De acordo com o responsável pelas cirurgias cardíacas pediátricas do HCor (Hospital do Coração), Dr. Marcelo Jatene, a Cirurgia de Jatene é um procedimento realizado em poucos hospitais do mundo, ou seja, são raros os estudantes de medicina que acompanharam tal procedimento durante a faculdade. O procedimento é idealmente realizado nas duas primeiras semanas de vida, antes que o ventrículo esquerdo não consiga suportar o bombeamento de sangue para a circulação sistêmica, para todo o corpo.
A Transposição das Grandes Artérias é a segunda cardiopatia congênita cianótica mais frequente. Em geral, esses recém-nascidos apresentam cianose sem sofrimento respiratório significativo nos primeiros dias de vida. O diagnóstico pré-natal é feito pelo ecocardiograma fetal analisando os grandes vasos (aorta e artéria pulmonar) em posição invertida.
“O que acontece com o sangue é que o fluxo venoso que retorna ao coração pelo átrio direito e depois passa para o ventrículo direito e a aorta, volta à circulação sem ser oxigenado. O retorno venoso pulmonar chega ao átrio esquerdo passando para o ventrículo esquerdo e segue para artéria pulmonar. Por este motivo a circulação sanguínea é feita em paralelo e se não houver algum ponto de mistura do sangue entre as duas circulações, torna-se um quadro incompatível com a vida”, esclarece Dr. Marcelo Jatene.
O tratamento para transposição das grandes artérias, que é quando o bebê nasce com as artérias do coração invertidas, não se faz durante a gestação, por isso, após o nascimento do bebê, é necessário fazer uma cirurgia para corrigir o defeito nos primeiros dias de vida. Em algumas situações, procedimentos precisam ser realizados antes da operação, para melhorar a condição do bebê e aumentar a mistura de sangue e consequentemente uma melhor oxigenação. Isto pode ser feito com a utilização de um cateter bal&atild e;o dentro do coração do bebê ou o uso de medicações intravenosas para aumentar sua oxigenação até que possa ser operado.
Segundo a cardiologista responsável pelo setor de Cardiopatias Congênitas e Cardiologia Pediátrica do HCor, Dra. Ieda Jatene, esta malformação não é hereditária e, pode ser identificada pelo obstetra, no pré-natal, durante um ultrassom morfológico. No entanto, na maioria dos casos ainda é diagnosticada após o nascimento, quando o bebê nasce com uma coloração azulada, que pode indicar problemas com a oxigenação do sangue.
“O paciente operado deve ser acompanhado ao longo da vida por um cardiologista, que deverá aconselhar inclusive sobre o tipo de atividade física que a criança pode fazer para não sobrecarregar o coração e, assim, avaliar o funcionamento cardíaco durante o crescimento. A cirurgia para reposicionar as grandes artérias não deixa sequelas e o crescimento e desenvolvimento do bebê não é afetado, permitindo que tenha uma vida normal como qualquer outra criança”, explica Dra. Ieda Jatene.
Um legado e milhares de corações salvos pelo país e pelo mundo
Cristiana Maria Barros Melo, hoje com 39 anos, nascida em Maceió, a paciente com mais tempo de cirurgia no mundo, operada pela técnica de Jatene:
Cristiana nasceu em 1976 com um problema congênito cardíaco. A família, de Maceió, foi avisada que a única chance de sobreviver era encaminhá-la para tratamento em São Paulo. Com apenas dois meses Cristiana foi operada pela técnica de Jatene – que ainda estava em fase inicial, pela equipe do Dr. Jatene, no Hospital Beneficência Portuguesa. Após dois meses de cirurgia, retornou à sua cidade natal recuperada.
“Tive uma infância normal e em 1981, aos cinco anos de idade, eu fiz uma segunda cirurgia, desta vez no HCor, também com o Dr. Jatene, para a colocação de uma prótese. A cirurgia foi um sucesso. Dez anos depois, em 1991, eu fiz uma terceira intervenção cirúrgica, para revisão e correção de estenose pulmonar. Após esta cirurgia, feita mais uma vez com a equipe do Dr. Adib Jatene, eu pude começar a fazer algumas atividades físicas”, contou Cristiana.
Quando completou 20 anos, Cristiana ficou grávida pela primeira vez, e o parto foi acompanhado pela Dra. Ieda Jatene e equipe. “Meu filho Rafael, hoje com 18 anos, está prestando vestibular para o curso de Direito e é um jovem bonito e saudável. Dois anos depois tive o segundo filho, Leonardo, que nasceu aqui em Maceió, sempre com o acompanhamento da equipe da Dra. Ieda Jatene”, esclareceu.
Este ano, Cristiana foi acometida por uma endocardite bacteriana, e passou por novo procedimento, para substituição da prótese colocada durante a primeira cirurgia. “Mais uma vez voltei para São Paulo e fui acompanhada por toda equipe Jatene. A cirurgia foi um sucesso e logo voltei para minha cidade, Maceió, retomando as minhas atividades normais”, pontuou.Minha relação de gratidão e afeto à família Jatene será eterna, pois se estou vida, eu devo isto primeiramente a Deus e a toda família que cuidou de mim dos dois meses aos 39 anos.
Marilda Ferreira Andrieta, 46 anos, nascida em Espírito Santo: a segunda paciente com mais tempo de cirurgia no mundo, operada pela técnica de Jatene:
Marilda nasceu em casa com parteira, no Espirito Santo, e era gêmeas. Nasceu primeiro e depois de uma hora sua irmã, que não resistiu ao parto e faleceu. Seus pais foram percebendo algo diferente em Marilda como os lábios, língua e as unhas dos pés e mãos roxas, além do cansaço ao mamar e tosse seca.Ao completar três meses, seu pai a levou ao médico. Realizou exames e foi constatado sopro e um problema sério no coração: transposição das grandes artérias (TGA).
“Minha família não se acomodou e fez de tudo para me ver curada. Pendurada na parede do quarto meus pais mantinham sempre uma bolsa com roupas e documentos, pois eu sempre passava mal e eles tinham que sair correndo não importava a hora.Eu passei a minha infância internada, e estas internações eram sempre muito longas e eu sempre era transferida de hospital”, explicou Marilda.
Marilda não podia correr nem brincar como as outras crianças e ficava apenas sentada brincando de bonecas. Em 1976 ela foi operada pelo Dr. Adib Jatene. A cirurgia foi um sucesso. “Tomei remédios por um tempo e, a cada seis meses, precisava ir a São Paulo até a alta definitiva de todo tratamento e passei a ter uma vida normal”, contou.
“Para mim ter nascido com TGA foi muito difícil. A situação financeira da minha família não era boa, a medicina não era tão avançada e eu não pude ser criada com meus pais. Era tudo muito longe e só encontrava a minha família nas férias escolares”, relatou Marilda.
Em julho de 1992 Marilda teve endocardite bacteriana aguda. Ficou internada durante um mês e depois ficou grávida. “O meu médico não queria que eu tivesse a criança, mas mesmo assim eu não desisti do sonho de ser mãe. Tive uma gravidez normal e com acompanhamento. Em 1993 nasceu a minha única filha Marselle de parto normal”, comemorou Marilda.
Eu vivo uma vida tranquila, faço caminhada e procuro me alimentar de forma saudável. Atualmente moro nos Estados Unidos e faço acompanhamento com uma cardiologista da University Of Maryland Hospital, na cidade de Baltimore, nos EUA. Minha gratidão eterna ao Dr. Adib Jatene, por ter me proporcionado viver um pouco mais, e principalmente realizar o sonho de ser mãe!
Marcus Vinicius Temperani, pai de Marcus Henrique Temperani, de 4 anos, nascido em São Paulo, no HCor:
“Tenho duas filhas: uma de 9 e outra de 5 anos, e sempre desejei um menino. De tanto pedirmos, Deus nos presenteou com o Marcus Henrique, de 4 anos, que veio ao mundo com um problema sério no coração. O susto foi grande, mas a nossa fé sempre forte nos sustentou de que tudo daria certo”, afirmou Temperani.
No quinto mês de gestação, a esposa de Marcus fez o ecofetal, que confirmou uma cardiopatia congênita. Devido a gravidade da doença, o parto de Marcus Henrique foi realizado no HCor, em 2011. Após o nascimento, o bebê já realizou um cateterismo com o Dr. Carlos Pedra, e, depois de três dias de nascimento, Marcus foi operado pela equipe do Dr. Marcelo Jatene para correção da transposição das grandes artérias.
Após a cirurgia, o pequeno teve arritmia cardíaca, que foi corrigida pelo Dr. Enrique Pachon, com implante de marca passo externo. Após 30 dias internado na UTI do HCor, o pequeno fez ablação por radiofrequência e teve alta da UTI após 31 dias de internação.
“Até os seis meses meu filho tomou remédios, além de consultas frequentes ao HCor. Hoje ele está totalmente curado e salvo por um médico brasileiro que criou uma técnica mundial que salvou milhares de vida. Ver meu filho com saúde, brincando com seus amigos e indo à escola, é o que mais me realiza. Passamos por muitas etapas difíceis, mas nunca deixamos de acreditar nas mãos abençoadas da família Jatene e em Deus. Entreguei a vida do meu filho nas mãos do Dr. Marcelo Jatene e minha gratid&atild e;o a ele e, principalmente ao seu pai, Dr. Adib Jatene que criou esta técnica será eterna”, contou Marcus Temperani.
Yane Gruninger, mãe de Pedro Henrique Gruninger, de 17 anos, nascido em São Paulo:
“Meu filho nasceu em uma maternidade em Santo André, bem roxinho e se cansava muito ao mamar. Ao fazer o ecocardiograma, recebi uma surpresa: seu filho terá que fazer uma cirurgia para transposição dos grandes vasos e precisa ser encaminhado urgente ao HCor. Com apenas seis dias de nascimento, meu filho fez cateterismo e, logo após o procedimento, a Cirurgia de Jatene”, explicou Yane.
A cirurgia transcorreu sem complicações, mas durante o pós operatório na UTI, o pequeno Pedro sofreu complicações renais, hepáticas e teve parada cardiorrespiratória e permaneceu entubado por 40 dias na UTI. Devido as complicações, o pequeno teve uma sequela auditiva.
“Tudo que aconteceu com meu filho foi importante. Toda dor e sofrimento nos fez enxergar a vida de outra forma. Damos valor a tudo, e a perda auditiva não foi nada em relação a todas as etapas vencidas. Se hoje meu filho está vivo, eu devo este presente a Deus e ao Dr. Adib Jatene que idealizou este técnica que salvou a vida do meu Pedro e de tantos corações que batem mundo afora. Meu filho é a minha alegria de viver, meu sonho transformado em realidade. Hoje, com 17 anos, está no terceiro colegial, é muito amado e carinh oso com todos. Ele é um homem cheio de luz e diferenciado, com um lindo coração que bate com amor em forma de gratidão eterna ao Dr. Adib Jatene, relatou Yane.
Anote na agenda:
I Simpósio de Cardiologia Pediátrica do HCor / Celebração dos 40 anos da Operação de Jatene
Data: 13/11/2015
Horário: das 8h30 às 18h
Local: Auditório do edificio Dr. Adib Jatene – 2 andar
R: Desembargador Eliseu Guilherme – 130 – Paraiso (próximo a Pça Oswaldo Cruz)



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