A migrânea, dor de cabeça intensa,é responsável pela perda de 1,4% do total de anos saudáveis
A enxaqueca está entre as quatro doenças crônicas mais incapacitantes do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde, a OMS. Muitas vezes é quase impossível identificar as reais causas das intensas dores de cabeça, mas elas ocorrem devido a múltiplos processos do organismo. Durante as crises há alterações tanto vasculares quanto em vias neurais.
O processo da crise começa basicamente com a liberação de substâncias inflamatórias e intensidade de estímulos elétricos do cérebro, causando a dilatação dos vasos sanguíneos, responsável pela intensidade da cefaleia. Apesar da eficácia associada a um arsenal terapêutico disponível para o tratamento da enxaqueca, uma grande parte dos pacientes não ficam sem dor. De acordo com o Dr. Antônio Eduardo Damin, neurologista pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, os medicamentos para crise devem atuar nos dois fatores desencadeantes, os neurais e vasculares. ”O paciente pode fazer um tratamento com princípios ativos como a sumatriptana, que vai tratar a vasodilatação, e o naproxeno, que trata a inflamação. Hoje, ele consegue encontrar essas duas substâncias em um único comprimido, mas que agem de forma sinérgica. Quando combinado, o tratamento precisa resolver os reais fatores que levam à dor”, destaca o doutor.
As enxaquecas manifestam-se em crises recorrentes e atrapalham tanto a vida dos pacientes, que são responsáveis por abstinência no trabalho e queda da produtividade. Estima-se que 1,4% do total de anos de vida saudável dos pacientes afetados são interrompidos pelas fortes dores de cabeça. Ao considerar a expectativa de vida dos brasileiros de 75 anos de idade, essa estatística corresponde a pouco mais de um ano dentro de um quarto escuro e longe do convívio social. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCE), a enxaqueca acomete mais de 30 milhões de brasileiros e é responsável por 35% das consultas neurológicas no país. A prevalência ao longo da vida pode chegar a 43% das mulheres e 18% dos homens. Apesar disso, metade dos pacientes permanecem sem diagnóstico.
Mesmo entre aqueles em tratamento para o problema, 30% voltam a sentir o incomodo nas primeiras 24 horas a crise, o que os médicos chamam de recorrência. E esse retorno da dor retira a pessoa mais uma vez do convívio social, trazendo sensação de impotência, perda de momentos importantes e até mesmo perda de controle sobre si mesmo e sobre sua vida.
Os pacientes acometidos sentem dor de cabeça latejante e unilateral que pode mudar de lado e, dependendo da intensidade da crise, corre o risco de ficar impossibilitado de realizar suas atividades habituais como trabalhar, levar o filho na escola, fazer happy hour com os amigos etc. Ela gera, em sua fase crítica, sintomas como intolerância à luz, aos ruídos e a odores; além de náusea e vômito. Movimentos bruscos do crânio e esforços físico e mental também podem agravar o sofrimento durante a fase aguda.
Por todos esses fatores, é importante que o paciente tenha ciência de que a automedicação pode trazer sérios riscos à saúde e deve evitar a automedicação, muito comum para quem tem o problema. A ajuda virá por meio de um especialista que irá investigar e traçar um diagnóstico das causas e tratamento mais eficaz para controlar a recorrência da dor.
Principais fatores desencadeantes
Os fatores desencadeadores da crise de enxaqueca mais comuns são: odores fortes, barulhos, mudança no horário do sono, alguns tipos de alimentos (vinho, queijo amarelo, chocolate), além dos fatores psicológicos, como: stress, cobrança no trabalho, nas mulheres durante o período menstrual por conta das oscilações hormonais, entre outros. O uso abusivo de analgésicos pode provocar uma alteração na liberação de endorfina no cérebro. Portanto, é recomendado o tratamento tanto para a prevenção quanto para os casos agudos de enxaqueca.
Existe tratamento
Especialistas alertam que, quanto mais precoce o diagnóstico, maior a chance de o paciente iniciar o tratamento correto para controlar e combater as crises agudas incapacitantes causadas pela enxaqueca. Um indivíduo que toma dois analgésicos por semana para combater a dor de cabeça já é considerado um enxaquecoso.