As falhas na sobrancelha são difíceis de lidar. É por isso que cresce a procura pela micropigmentação fio a fio, um procedimento que tem tido bastante aceitação até mesmo entre algumas celebridades. “Hoje em dia, temos muitos pacientes que optam pelo preenchimento fio a fio, por terem abusado do uso das pinças, da depilação com linha, ou mesmo por quadros em que desenvolveram algumas doenças como a alopécia (perda dos fios); pacientes com hipotireoidismo que também padecem do mesmo mal ou em pós-tratamentos quimioterápicos, e pelo próprio envelhecimento natural da estrutura, já que nós temos uma miniaturização dos fios da sobrancelha e uma diminuição da sua densidade e crescimento, também procuram a técnica”, explica a dermatologista Dra Claudia Marçal, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Mas a especialista alerta: “Pessoas portadoras de doenças como diabetes, pacientes que têm tendência a queloides, a cicatriz hipertrófica, ou mesmo pessoas que estão passando por alteração hormonal ou anemia devem antes consultar um especialista para que seja feita a correção ou o acompanhamento durante e pós o procedimento”.
A técnica
“É um procedimento que realmente redesenha a sobrancelha e promove um resultado estético muito interessante para o rosto”, afirma. No preenchimento fio a fio se utiliza um aparelho semelhante a uma caneta. “Ele é um dermógrafo e com ele é injetado, a nível epidermal (na primeira camada da pele), pigmentos que duram de seis meses a um ano — como se fosse uma tatuagem com uma característica transitória”, explica. Mas atenção: “Os pigmentos devem ser de boa qualidade, a pessoa que executa deve ter uma técnica apurada; existe uma micropigmentação que pode ser realizada em toda a sobrancelha ou só na região medial ou só na região caudal. Ou seja, para que haja uma harmonização ou muitas vezes um redesenho da sobrancelha que em alguns casos não é simétrica”.
3D
“E, além disso, existe hoje a possibilidade de fazer essa micropigmentação em 3D, o que significa trabalhar com tons diferentes entre as áreas onde há fios já presentes, fazendo a presença de uma cor um pouco mais clara para dar um pouco mais de preenchimento e em dois ou três tons para dar sombreamento, profundidade e harmonia”, destaca.
Cuidados pós-procedimento
“É um procedimento que, quando bem feito, não traz nenhum malefício dermatológico, quando a pessoa especialista que faz a aplicação for pessoa referendada. Logo após o procedimento nós indicamos o uso do ácido pantotênico, a Vitamina B5, para ser usado duas vezes ao dia para evitar a formação das casquinhas, ou seja, a formação de crostas, que podem retirar o pigmento.”
Erros
“Para complementar: o dermógrafo ou a “caneta” utilizada para o procedimento é composto de microagulhas que vão introduzindo o pigmento na epiderme. Todas as colorações, que muitas vezes a gente vê, como as colorações acinzentadas, o preto que vai para o azulado, o preto que vai para o avermelhado, são erros de técnica por mau uso da pigmentação”, explica.
Pigmento que não pega
“E quando o pigmento não ‘pega’ é porque, com certeza, existe um processo de má nutrição da região, da pele local, ou seja, não existe uma microcirculação adequada com oxigenação e trazendo os micronutrientes suficientes à boa nutrição e cicatrização da área. No caso de dúvidas: se o paciente realmente tem um problema de cicatrização, ou ele tem uma doença pré-existente de base, ou está passando por alguma alteração hormonal importante, está em uso de alguma substância quimioterápica, ou tem uma doença autoimune, ele deve primeiro buscar a orientação do dermatologista para realizar o procedimento”, finaliza.
Fonte: Dra. Claudia Marçal, dermatologista da clínica Espaço Cariz, com especialização pela Associação Médica Brasileira (AMB), membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e membro da American Academy of Dermatology (AAD), CME (Continuing Medical Education) na Harvard Medical School.