A alopecia de tração (AT) é a perda de cabelo por tensão repetitiva ou prolongada dos fios de cabelo, causada por penteados apertados ou uso de apliques (mega hair). Segundo a Dra. Julia Faria, dermatologista com título de Especialista pela SBD e coordenadora do Centro de Tratamento Capilar da Clínica TheSkin (Barra), os sinais, geralmente, são notados na linha frontal do couro cabeludo ou nas laterais.
“Anos atrás, era comum notarmos esse tipo de alopecia em afrodescendentes, devido aos penteados e hábitos culturais adotados por eles. Mas hoje, com a valorização do que é natural e com os movimentos em prol da diversidade, esta população tem optado por penteados soltos, com os fios em sua forma natural, diminuindo esse tipo de queixa”, explica a especialista.
Por outro lado, muitas mulheres brasileiras têm buscado, irresponsavelmente e a qualquer custo, o cabelo longo. “Elas optam por resultados rápidos sem pensar nas consequências, aumentando cada vez mais as estatísticas de casos de alopecia de tração, provocadas pelo uso de implantes capilares permanentes”, conta.
A importância do diagnóstico precoce
“A perda de cabelo em AT pode ser revertida se a tração é desfeita. No entanto, se ela torna-se um processo repetitivo, pode levar à perda definitiva dos fios”, alerta a especialista. Dra. Júlia explica que usar um aplique para uma festa jamais causará um dano definitivo. “No entanto, uma tração diária dos fios, mesmo que pequena, leva a um processo inflamatório crônico do folículo, gerando perda dos pelos e atrofia definitiva”.
De acordo com ela, trata-se de um processo lento e traiçoeiro. “Muitas pacientes só descobrem as alterações no couro cabeludo após minucioso exame dermatológico. Daí a importância do exame do couro cabeludo por um dermatologista anualmente, especialmente nas pacientes que usam apliques regularmente”, diz Dra. Júlia.
O diagnóstico correto e precoce é fundamental para o sucesso do tratamento. “Só um dermatologista consegue notar os sinais no início do processo. Clinicamente, notamos perda de cabelo ou afinamento na linha da frente do couro cabeludo ou na região temporal. Podemos observar, precocemente, a presença de pápulas (bolinhas) eritematosas ou pústulas foliculares, que já indicam um sinal futuro de AT”, explica.
Opções de tratamento
O primeiro passo é a remoção de penteados que estão causando tração. Sem a remoção da tensão, a AT pode evoluir para a perda definitiva dos fios e tornar as terapias médicas menos eficazes. Outra medida importante é suspender tratamentos térmicos ou químicos durante o tratamento, pois eles podem causar mais danos ao couro cabeludo.
Entre as opções terapêuticas mais utilizadas hoje para combater o problema, Dra. Júlia destaca o uso de substâncias anti-inflamatórias tópicas e orais, que interrompem a queda e estimulam o crescimento dos fios. Em paralelo, pode-se usar o laser de baixa potência (LLLT), LEDs, microagulhamento e lasers como o Erbium 1550nm (Fraxel), para reorganização do colágeno local e estímulo do crescimento de fios anágenos. “Em casa, o paciente pode complementar o tratamento, através do uso de medicações tópicas e orais, que também estimulem o crescimento dos fios”, explica Dra. Júlia.