Este ano, a terça-feira de Carnaval cai no dia 25 de fevereiro. Brasileiros de todo canto do país já estão em ritmo de festa e devem seguir assim até o fim de março. Uma coisa é certa: quase ninguém vai de cara lavada para os bailes de clubes, blocos de rua ou ensaios das escolas de samba. Mas é preciso ter cuidado, porque neste período também aumentam, nos serviços oftalmológicos, os casos de incidentes provocados por deslizes relacionados à maquiagem, podendo colocar olhos em risco.
Na opinião do médico oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo, a maior parte dos problemas seria evitada reservando um tempo adequado, bem como um ambiente calmo e bem iluminado, para fazer a maquiagem. “Muitos erros são cometidos no dia a dia, principalmente quando a pessoa resolve se maquiar enquanto dirige. Além de aumentar as chances de um acidente de trânsito, a instabilidade do momento pode favorecer, por exemplo, que o lápis ou ainda o aplicador de rímel atinja a córnea. Neste caso, o ideal é reservar 15 minutos antes de sair de casa para fazer a maquiagem”.
Se já na rotina simples é possível comprometer a visão por desatenção, nesta época do ano em que quase toda diversão gira em torno do Carnaval pode aumentar três a quatro vezes mais as chances de machucar os olhos. Neves afirma que arranhar a córnea é um dos problemas mais recorrentes e preocupantes durante a maquiagem, já que a escoriação pode evoluir para uma infecção e comprometer a visão do paciente. O oftalmologista aponta 10 dicas para curtir as festas de Carnaval com segurança:
- Maquiagem exige tempo e lugar. “A maquiagem mais básica possível inclui produtos para a região dos olhos, seja lápis, rímel ou sombra (ou todos juntos). Sendo assim, é importante dedicar alguns minutos antes de sair de casa para se maquiar num ambiente bem iluminado e prestar atenção na hora de aplicar lápis ou delineador. O uso deve ser externo, jamais na parte interna do olho”.
- Todo cuidado é pouco com glitter e purpurina. “A maquiagem de Carnaval, que costuma ser mais elaborada e trazer muito brilho, requer cuidado dobrado para que nenhuma partícula inadvertidamente atinja a parte interna do olho. A festa sempre acaba mais cedo para quem se descuida e o glitter acaba arranhando a córnea. Nestes casos, é fundamental procurar um serviço de pronto-atendimento em oftalmologia”.
- Lentes de contato e maquiagem não combinam. “Usuários de lentes de contato são bem mais suscetíveis a problemas oculares relacionados ao uso de maquiagem. Isto porque alguns produtos podem acidentalmente entrar em contato com a lente e contaminá-la, podendo causar até mesmo uma infecção. Sendo assim, uma escolha se faz necessária antes de sair para uma festa ou desfile de Carnaval: ou a pessoa sai maquiada, ou sai de lente. As duas não combinam”.
- Maquiagem não deve ser compartilhada. “Cada vez que se usa batom ou rímel, germes são introduzidos no produto. Como as membranas mucosas são mais suscetíveis a contrair uma infecção, a maquiagem para boca e olhos jamais deveria ser compartilhada. Até mesmo quem costuma recorrer a salões de beleza deveria carregar consigo seus próprios produtos, principalmente aqueles usados nos olhos. Nem mesmo entre amigas ou irmãs esse hábito deve ser estimulado”.
- Vida útil dos itens de maquiagem não é infinita. “Tudo o que é utilizado na maquiagem dos olhos deve ser substituído a cada quatro meses, no máximo seis. Isto porque as características do produto vão se modificando com o uso e aumentam as chances de contaminação. Também é fundamental descartar a maquiagem logo depois de uma infecção ocular, a fim de evitar que as bactérias se espalhem e continuem a representar um risco para a saúde ocular”.
- Cílios postiços devem ser retirados no fim da festa. “A curvatura dos cílios é naturalmente programada para que eles se toquem, durante mais de 20 mil piscadas diárias, sem que um interfira no outro. Quando os cílios são obrigados a suportar o peso dos fios artificiais, isso faz com que eles se toquem de forma diferente, podendo grudar, entortar e até arranhar a visão. Há também o risco de lesões de gravidade variável em função do contato com a cola utilizada. Sendo assim, ninguém deve passar o dia inteiro de cílios postiços e muito menos dormir com eles”.
- Dormir de maquiagem é péssima decisão. “Independentemente das circunstâncias, ir para a cama com maquiagem aumenta as chances de problemas oculares. Os olhos são extremamente sensíveis e não é raro que, no contato com o travesseiro, os produtos usados nos olhos acabem penetrando a parte interna da pálpebra e isso cause irritação ocular”.
- Investir em bons produtos é fundamental. “A maioria dos itens de maquiagem para os olhos contém substâncias que evitam a proliferação de bactérias. Produtos de qualidade inferior, entretanto, não têm esse tipo de garantia e contribuem bastante para o surgimento de problemas oculares. É preciso estar atento: se até mesmo produtos dermatologicamente testados e aprovados podem desencadear reações alérgicas, usar um produto de origem duvidosa pode causar vermelhidão, irritação, inchaço e até mesmo infecção”.
- Armazenar corretamente os itens de maquiagem. “Produtos de higiene até podem ser guardados no armário do banheiro. Mas isso não se aplica à maquiagem. Os produtos devem ser guardados em locais secos, arejados e longe do sol. Portanto, quem deixa maquiagem no banheiro já está fazendo algo bem errado logo de cara, expondo os produtos a variações de calor e umidade, além das bactérias existentes no local”.
- Fixadores em spray exigem atenção. “Existe um tipo de conjuntivite muito comum, chamada de química ou tóxica, que neste caso está relacionada ao contato dos olhos com xampu, spray para cabelo ou maquiagem, provocando irritação e até mesmo inflamação. Apesar de muita gente usar fixadores para a maquiagem durar mais tempo nas festas de Carnaval, é preciso estar alerta e proteger bem os olhos na hora da aplicação. Caso o produto entre em contato com os olhos é recomendável lavar bem o local com água corrente e fria, fazer compressas com água filtrada, evitar coçar a região afetada e, se o incômodo for intenso, procurar um atendimento oftalmológico com urgência”.