Assim como os cabelos, a sobrancelha, e qualquer área do corpo, os cílios requerem cuidados. Quando os cílios começam a ter caspa, ou a cair demais, devemos nos preocupar, porque alguma coisa não está sendo feita corretamente. “A forma com que cuidamos dos nossos cílios diariamente influencia diretamente na sua qualidade, tamanho e espessura”, afirma a dermatologista Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia.
Cílios com caspa — A temperatura mais baixa contribui para problemas como cílios com caspa, com os dias mais frios, os ventos e, também, os banhos muito quentes. “Pessoas com pele oleosa e olhos muito secos, por causa da baixa umidade do ar, apresentam coceira, vermelhidão e formação de pequenas crostinhas ou descamação, uma alteração comum que piora com água quente e exposição ao vento”, explica a dermatologista. E completa: “Além disso, existe o uso excessivo de cosméticos como cremes com substâncias irritativas ou conservantes e maquiagens que por vezes são o meio de contaminação e propagação bacteriana ou fúngica”, acrescenta.
Para evitar esse quadro clínico, o hábito diário de higiene das pálpebras é um dos principais cuidados que devem ser tomados. “Usar loções de limpeza dermatologicamente e oftalmologicamente testados ou sabonetes líquidos infantis e aplicar cremes de hidratação em base aquosa diariamente”, ensina. E caso já venha apresentando esse quadro, a médica orienta a procura pelo dermatologista. “Ele, após criteriosa avaliação, tem condição de orientar de modo focal se há presença de fungos ou bactérias ou se há necessidade de controle, pois este paciente pode ter predisposição por seborreia, hipersensibilidade, reatividade ou rosácea”.
A dermatologista enfatiza ainda que esse quadro pode ser caracterizado por uma patologia chamada blefarite (inflamação das glândulas na borda anterior das pálpebras), que provoca descamação na pele junto à região de união ciliar, podendo ser de origem seborreica, bacteriana ou alérgica. “Deve ser tratada no início para que não haja evolução do quadro, podendo atingir a porção interna da pálpebra e acometer o globo ocular e a córnea”, afirma.
Cílios caindo demais — Outro problema pode ser a queda de cílios. Mas não se desespere: isso faz parte do processo de renovação das hastes dos fios ciliares e ocorre naturalmente a cada quatro meses, segundo a dermatologista, respeitando as fases características dos fios capilares. De acordo com a especialista, as pálpebras superiores apresentam entre 100 a 150 fios que se renovam em fases — e por vezes promovem menor densidade, número e tamanho dos cílios. “Porém, quando há um quadro de queda importante (falhas ou a falta de cílios), o qual chamamos de madarose ou alopecia ciliar, há uma indicação de possíveis problemas orgânicos como: blefarites, alergia a maquiagens, carência nutricional e outras doenças como as autoimunes.”
Mas segundo a dermatologista, a maior causa de queda ciliar ocorre pelo abuso de maquiagem como rímel a prova d’água, uso excessivo de delineador ou marcas com pigmentos sintéticos e conservantes que provocam sensibilidade e alergia local. “Além disso, as maquiagens têm validade de uso, sendo que as máscaras, após abertas, não duram mais do que seis meses e devem ser removidas diariamente sem que fiquem em contato com a região durante a noite toda”, completa.
Dra. Claudia afirma ainda que os cílios podem cair por motivos nutricionais, por carência ou excesso de substâncias. “Deficiência do complexo B, Vitamina E, Zinco, Selênio, falta de Vitamina D, Ferro, Ácido Fólico e proteínas, além da Biotina e da Piridoxina. Já o excesso de vitamina A também pode causar queda assim como a falta de cílios.”
Máscara ciliar: remoção — A Dra. Cláudia Marçal também explica que as máscaras ciliares devem ser passadas e retiradas corretamente. “A origem da máscara ciliar é de extrema importância, sua qualidade é fundamental para saúde dos folículos ciliares. Ao aplicar e/ou remover não deve haver tração exagerada ou o hábito de esfregar com movimentos de vai e vem. A retirada deve ser feita por loções sem álcool ou água demaquilante micelar e algodão macio em movimentos circulares e repetido por duas a três vezes delicadamente, quando a maquiagem ciliar (Rímel e Delineador) não é a prova d’Água”, averte.
No entanto, quando o rímel é volumizador e a prova d’água, ele deposita partículas, provoca espessamento temporariamente, a dermatologista aconselha o uso de soluções bifásicas de óleo e água para retirar a maquiagem com algodão macio e movimentos circulares. “Do canto medial para o lateral para remover todos os resíduos antes de dormir, prosseguindo então com a higienização posterior com o sabonete de limpeza e o tônico”, ensina.
Hidratação tópica e nutricional — Outra preocupação básica é com relação à hidratação. “Para a saúde dos cílios, é essencial hidratá-los e nutrí-los, não permitindo assim que as hastes mais finas e secas sofram fraturas ou fiquem mais finas com tendência à queda ou rarefação. Portanto, quando utilizar o creme da área dos olhos, sempre específico para a região, aplique o produto indicado rente aos cílios ou ainda utilize com cotonete duas a três vezes por semana um óleo como o de ricino derivado da mamona ou um creme a base de pró-vitamina B5”, orienta. “Muitas vezes o próprio dermatologista indicará formulações específicas ricas em aminoácidos, silício, ácido hialurônico e um pool de vitaminas para ser utilizado à noite ou antes da própria máscara.”
Curvex — O uso do Curvex requer delicadeza e calma para manuseá-lo, afirma Dra. Cláudia Marçal. “A manutenção deve ser observada, como sua higiene e a famosa ‘borrachinha’, que deve ser trocada semestralmente — e de preferencia ser de silicone. O Curvex deve ser utilizado em fios médios e longos que por vezes são mais retificados e precisam de modelagem”, explica. É essencial que os fios estejam secos e limpos e o Curvex deve ser aplicado antes da máscara ciliar para que não haja quebra dos fios. “A grande maioria das máscaras, quando aplicada em várias camadas, deixa os fios ciliares mais duros e pouco flexíveis, o que pode provocar um trauma físico irreparável que leva a quebra no local da pressão.” Segundo a dermatologista, o curvex térmico também demanda esses cuidados, de forma redobrada, para que o tempo de exposição não seja demasiado e não se queime a pele da pálpebra. “A sua indicação é recomendada para quem possui cílios curtos, que são difíceis de modelar e conseguir a angulação desejada ou aqueles cílios longos muito retificados.”
Produtos para crescer cílios e produtos para tingí-los — A dermatologista afirma que os produtos são seguros desde que sejam aprovados pela ANVISA. “Podem ser fórmulas manipuladas por um dermatologista ou comprado na farmácia. Esses produtos prolongam a fase de crescimento dos fios já existentes deixando-os também mais espessos e pigmentados.” Mesmo com os cuidados de aplicação, deve ser contraindicado para pacientes com olhos claros por ter uma tendência natural ao escurecimento da íris. “Aconselhamos que seja prescrito sempre pelo médico e realizado acompanhamento, pois há sempre a possibilidade de reação alérgica.” Normalmente nota-se a diferença após dois meses de uso diário, sem interrupção.
Sobre tingir os cílios, a médica pondera que é seguro desde que se utilize produtos de marcas conhecidas e de qualidade e específicas para cílios. “O procedimento deve ser realizado por um designer de sobrancelhas ou visagista ou fisioterapeuta dermatofuncional que tenha experiência na aplicação do ativo. Jamais faça esse procedimento em casa em sistema de autoaplicação, pois pode causar alergia.” Após a aplicação, é necessário o uso de pomadas dermatologicamente e oftalmologicamente testadas, ricas em vitaminas B5 e E, glicerina e óleos naturais como o de oliva ou amêndoas dentre outros ricos em ômegas, para que não haja ressecamento.
Fonte: Dra. Claudia Marçal
Dermatologista da Clínica de Dermatologia Espaço Cariz, com especialização pela Associação Médica Brasileira (AMB), membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e membro da American Academy of Dermatology (AAD), CME (Continuing Medical Education) na Harvard Medical School.