O que fazer para tratar a pele sem quebrar o isolamento social? Apostar nos dermocosméticos clareadores, que também faziam parte das prescrições – como coadjuvantes. “Eles são utilizados para uniformizar a coloração e textura do tecido cutâneo, promovendo um tom mais claro, luminoso e rosado à pele, evitando a formação de pigmentos anômalos e indesejados na forma de sardas ou efélides, melanoses solares ou lentigos ou ainda para tratar o melasma ou a hipercromia pós-inflamatória”, explica a dermatologista Dra. Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia. De eficácia a modo de uso, a médica responde abaixo as principais dúvidas sobre os clareadores:
Eles são eficazes? — Seja inibindo a enzima responsável pela produção de melanina (pigmento que dá cor à pele) ou atuando nos mensageiros pró-inflamatórios ligados às manchas, são vários os mecanismos de ação dos ativos despigmentantes. “As manchas que surgem após exposição solar durante o verão respondem muito rapidamente a procedimentos como peelings seriados com ácido retinóico e uso de ativos por via oral como polypodium leucotomus, picnogenol, hidroxitirosol, ácido tranexâmico, bio-arct, além dos ativos tópicos como hidroquinona, ácido tranexâmico, ácido kójico, alfa-arbutin, b-White, nicotinamida, ácido fítico, ácido elágico, extrato de pó de pérola, fator de crescimento epidermal e a própria Vitamina C e o Hidroxitirosol da Folha de Oliveira”, explica a médica. Os clareadores são potencializados quando em associação com os ácidos — como vitamina A ácida ou alfa, beta ou poli-hidroxiácidos.
Hidroquinona: usar ou não usar? — Usada há muitos anos nas prescrições dermatológicas para clareamento em fórmulas manipuladas, a Hidroquinona apresenta ação despigmentante, pois degrada fortemente os melanossomas e inibe a enzima de conversão tirosinase — responsável pela produção do pigmento. “Ela pode apresentar efeitos colaterais frequentes como eritema (vermelhidão), dermatite de contato alérgica, fotossensibilidade à luz do sol, e pelo uso contínuo pode provocar ocronose exógena (cor cinza azulada) na área de utilização crônica e pequenas lesões espalhadas no local de aplicação da hidroquinona se a pele for sensível, o tempo de uso prolongado ou as concentrações forem elevadas”, alerta. Por esse motivo, essa substância só pode ser utilizada com a orientação e prescrição de um dermatologista – portanto, o melhor é não usar na quarentena se não foi seu médico que orientou. “Há, inclusive, uma interrogação quanto ao potencial de transformação celular e possível indução carcinogênica pelo uso progressivo da hidroquinona”, explica a médica. Mas a substância pode ser usada para tratar o melasma principalmente na conhecida formula tríplice: “Nessa fórmula o ácido retinóico está associado à hidroquinona e a um corticoide. Aplicado três vezes em média por semana, somente à noite e em alternância com um creme nutritivo adequado à idade, estação do ano e tipo de pele”, explica. Quando houver hipersensibilidade à hidroquinona, o uso de substâncias mais seguras é recomendado.
Modo de uso — Uma das principais dúvidas é com relação à aplicação dos cremes: deve ser pontual (em cima da mancha) ou no rosto todo? A Dra Claudia responde: “Devem ser aplicados no rosto todo quando o objetivo é uniformizar a tonalidade de forma geral tratando as discromias; ou sobre o melasma quando o quadro de pigmentação é localizado — sobretudo na região malar, frontal, dorso nasal e supralabial”, explica a médica. Os cremes devem preferencialmente serem utilizados à noite, mas dependendo da composição da fórmula, podem ser utilizados pela manhã e à noite.
Recomendações — Buscar orientação de um dermatologista presencialmente ou por telemedicina é sempre a melhor opção, pois em um tratamento clareador — como explica a Dra. Claudia Marçal — é necessário hidratar a pele diariamente antes do FPS pela manhã (mesmo em casa é necessário usar!) e optar por veículos leves e de acordo com a época do ano. “Usar os clareadores sob supervisão dermatológica em fórmulas específicas e de acordo com a regra de prescrição caso a caso, que se baseia na severidade da pigmentação, na camada em que está presente o pigmento e na sensibilidade da pele do paciente em questão. As fórmulas mais concentradas devem ser utilizadas à noite. Já a Vitamina C associada à Vitamina E, Floretin ou ácido ferúlico podem ser utilizadas antes do protetor solar diariamente pela manhã e/ou à noite de acordo com a orientação dermatológica”, acrescenta. “Durante a gestação, amamentação e na vigência de algumas doenças autoimunes, qualquer prescrição para clareamento deve expressamente ser orientada pelo dermatologista”, comenta.