De acordo com um estudo realizado no final do ano passado, o consumo de alimentos orgânicos, de baixa caloria e alimentos específicos para diabéticos e alérgicos a lactose e glúten cresceu mais de 80%, se comparado ao início do século. A projeção para o consumo saudável é de que o mercado cresça ainda mais. Porém, a intolerância as gorduras trans e a obsessão pela ingestão de produtos sem corantes, conservantes e agrotóxicos pode deixar de ser saudável e causar transtornos à saúde alimentar.
De acordo com a nutróloga Liliane Oppermann, um novo distúrbio alimentar chamado de ortorexia surgiu para designar os viciados em comidas saudáveis. “A nova doença da década, ainda não reconhecida pela Organização Mundial da Saúde, afeta os novos consumidores porque os obriga a ler e analisar rótulos compulsivamente e torna obsessivo o consumo de alimentos sem influência química, tornando a dieta pobre em nutrientes básicos para o funcionamento do organismo, explica a nutróloga.
Para tornar possível a alimentação 100% saudável, os afetados pelo distúrbio deixam de comer itens enlatados, confeccionados com a utilização de açúcares e de procedência desconhecida. A restrição do cardápio dos ortoréxicos diminui significativamente a quantidade de vitaminas necessárias para uma dieta balanceada. “O extremismo leva à deficiência de ferro, zinco, vitamina B12 e cálcio no corpo. Em conseqüência desse radicalismo podem surgir doenças como a anemia, aumentar o risco de doenças imunológicas, hipertensão e outras”, afirma Liliane.
Os indivíduos que sofrem com o transtorno ainda podem desenvolver problemas psicológicos como a depressão, irritabilidade e insônia e apresentar sinais de afastamento da sociedade. “Os ortoréxicos raramente consomem comidas preparadas por terceiros, o que afeta diretamente a vida social e torna o convívio com familiares e amigos quase impossível”, alerta a nutróloga.
Os hábitos alimentares rígidos são responsáveis pelo surgimento de outros transtornos alimentares como a bulimia e a anorexia, doenças que afetam gravemente a população brasileira, por isso, deve-se ficar atento até que ponto é viável consumir apenas comidas saudáveis, sem nunca sair da dieta.
Segundo um estudo divulgado em 2012 pela Organização Mundial de Saúde, a cada 13 dias morre um brasileiro em consequência de distúrbios alimentares.
Sobre o tratamento da ortorexia, a nutróloga Liliane afirma que é indispensável também o acompanhamento psicológico e, claro, a modificação da dieta através dos esforços nutricionais. “O trabalho da nutrição só é eficaz com o tratamento a partir da psicologia comportamental e do seu médico, seja ele nutrólogo ou endocrinologista, pois permite que os pacientes se abram para a nova reeducação alimentar e auxiliem o trabalho da nutrologia quanto a desmistificação sobre os produtos industriais presentes no mercado”, conclui a nutróloga.
Fonte: Liliane Oppermann, CRM 123314, é Médica Nutróloga, com título de Especialista pela ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia) e Ex-Diretora da Associação Médica Brasileira de Ortomolecular (AMBO). É capacitada em Nutrologia Esportiva, Diabetes, Obesidade Infanto Juvenil e em acompanhamento pré e pós Cirurgia Bariátrica. Pós-Graduada em Gastronomia Funcional, Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching, Palestrante com diversos temas na área da saúde física, emocional e alimentação saudável para público leigo ou profissionais da área. Desde 2002 se dedica ao Estudo da Obesidade. Elaborou o Método de Emagrecimento Dieta DC em 2008 e junto com a Prática Ortomolecular vem acompanhando seus pacientes.
Cuidado: hábitos saudáveis demais podem virar doença
nov 03, 2015 | Dr. Hugo, alimentos orgânicos, anorexia, bulimia, comida saudável, depressão, glúten, lactose, ortorexia
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