Nos Estados Unidos, os cosméticos naturais têm conquistado cada vez mais a preferência do público. Em linha com essa tendência, um número crescente de consumidoras negras decidiu assumir plenamente a forma natural dos cabelos. Segundo um estudo realizado recentemente pela Mintel [1], mais da metade das mulheres negras americanas consideram que ficam mais belas ao adotarem um estilo natural para os cabelos. Por outro lado, uma das principais consequências desse novo rumo que o mercado está tomando é a queda nas vendas de produtos capilares destinados a cabelos crespos, com exceção de algumas categorias de produtos, como os shampoos.
As mulheres negras são as mais numerosas entre as que afirmam utilizar pelo menos cinco produtos para o cuidado dos cabelos em casa (43%)
MENOS SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS
Um número cada vez maior de mulheres negras americanas tem optado por dar aos cabelos um estilo que não necessite o uso de produtos químicos nem aparelhos térmicos (40%), ou então que use a prancha, mas exclusivamente com produtos naturais (33%). A grande maioria (87%) das mulheres negras considera que a saúde é a melhor fonte de beleza. Por isso, para muitas consumidoras, o que os produtos cosméticos não contêm tornou-se tão importante quanto o que eles contêm. Concretamente, 70% das mulheres negras declaram ler a lista de ingredientes dos produtos capilares, a fim de evitar determinadas substâncias químicas.
A crescente preocupação dos consumidores em evitar que os fios sejam danificados teve efeitos nefastos para o segmento. Nos Estados Unidos, as despesas totais dos consumidores negros com produtos capilares deverão totalizar 2,51 bilhões de dólares em 2018, o que representa uma queda de 2,3% em relação a 2016. A razão desse recuo é principalmente a queda de 22,7% registrada, durante esse período, nas vendas de produtos para alisar os cabelos em casa. Entretanto, as vendas de shampoos e condicionadores compensam, pelo menos em parte, os prejuízos. É fato que as mulheres negras preferem colocar a mão na massa pessoalmente quando se trata de pentear e cuidar dos cabelos: nos últimos dois anos, os valores gastos com shampoos aumentaram 12,2%, enquanto as vendas de condicionadores registraram crescimento de 7,3%.
Produtos multifuncionais
A fatia de mercado dos produtos capilares para mulheres negras é muito maior do que a de qualquer outro grupo demográfico nos Estados Unidos. Com soluções e rotinas específicas para quase todos os tipos de cabelos e para os mais diversos problemas, as mulheres negras são as mais numerosas entre as que afirmam utilizar pelo menos cinco produtos para o cuidado dos cabelos em casa (43%). Assim sendo, nos dias de hoje é absolutamente normal, sobretudo entre jovens mulheres negras, dispor de um amplo leque de produtos capilares, cada um com propriedades específicas. Na faixa etária de 18 a 24 anos, essas jovens são as que mais frequentemente afirmam utilizar produtos para revitalizar profundamente os cabelos (59% de jovens com 18-24 anos, comparado com 37% das mulheres negras em geral) ou para tratar as pontas (58% contra 26%).
É interessante notar, porém, que o estudo da Mintel revelou um grande interesse, por parte das mulheres, em racionalizar e personalizar a rotina de cuidados dos fios com produtos multifuncionais. No topo da lista dos sonhos de consumo para os cabelos, os produtos pelos quais as mulheres negras americanas mais anseiam são cuidados capilares que atendam a diversas finalidades (57%): “As consumidoras negras preferem investir em novos produtos que ofereçam soluções para seus problemas do que em novos métodos de tratamento dos cabelos“, explica Toya Mitchell, Multicultural Analyst da Mintel.
COMPRAS ONLINE
Para adquirir os produtos, as consumidoras utilizam cada vez mais a internet. Além da descoberta de novos estilos, as consumidoras negras parecem também estar usando cada vez mais as mídias sociais para escolher os produtos. Um terço (32%) das consumidoras negras costuma comprar produtos capilares pela internet. Desse grupo, um quarto (24%) compra unicamente em sites pure players — o que representa um aumento de nove pontos percentuais em relação a 2016.
Ao buscarem produtos especificamente formulados para as suas necessidades, as consumidoras negras têm chances maiores de encontrá-los na internet. Embora os grandes varejistas, como Amazon, Walmart e Target, tenham ampliado a oferta de produtos, as pequenas marcas muitas vezes só estão disponíveis on-line.
V.G.
(Tradução: Maria Marques)