Exclusivo: Tudo sobre o uso de microcorrentes em cicatrizes cutâneas

Além do incremento na migração celular, outra evidência da ação da corrente elétrica sobre a cicatrização, é relativa à orientação ou arranjo dos fibroblastos sob a influência da mesma. Verificou-se in vivo, em embriões de codorna, que os fibroblastos sob um campo elétrico de corrente direta, sob determinada potência, realinham seu eixo longitudinal perpendicularmente à direção do campo (ERIKSON, NUCITELLI, 1984). Verificaram fenômeno semelhante em fibroblastos de seres humanos (WATSON, 1996).

 

Apesar de todas as células do corpo possuir potencial elétrico de membrana, somente os neurônios e células musculares podem gerar sinais elétricos que podem, rapidamente, ser conduzidos por longas distâncias, e serem detectados na pele Os ductos das glândulas sudoríparas, por conterem líquido, representam o principal trajeto do fluxo de corrente elétrica na pele.

(KANDEL, SCHWARTZ, JESSEL, 2000).

 

A superfície de uma ferida cutânea recente é eletricamente positiva em relação à pele circunjacente e foi demonstrado que esta magnitude do potencial diminui com a progressão do processo de cicatrização. (Barnes 1945

 

Gentzkow e Miller, 1991   escreveram que no caso de feridas crônicas, a cascata de eventos ocorrentes durante e após o processo inflamatório/ proliferativo da cicatrização pode sofrer interrupção. Foi sugerido que a estimulação elétrica destas feridas produz efeitos que podem reiniciar o processo de cicatrização

 

 

A polaridade dos tecidos não excitáveis tem sido documentada nas últimas décadas. Segundo Taubes (1996), todo o corpo é um gerador de corrente elétrica de baixo nível, onde o pólo positivo está ao longo da medula espinhal e o pólo negativo é a periferia. O sistema nervoso é constituído pelos neurônios e uma imensa rede de células onde inclui-se as células da Glia no sistema nervoso central e as células de Schwaann nos nervos periféricos. Todos os corpos celulares de um neurônio residem no cérebro e a nível espinhal. Só seus axônios e dendritos se estendem externamente, e os nervos periféricos fazem a conexão de toda parte do corpo com o sistema nervoso central. Becker (1985), estudou as células neuronais e as células da Glia , e ,  concluiu que estas últimas são condutoras elétricas que não transmitem sinais discretos para os neurônios, mas , tem a capacidade de conduzir estimulação elétrica exógena de baixa freqüência. Neste estudo é relatado que as correntes te um efeito profundo, diretamente proporcional ao campo eletromagnético que geram, e através deste campo estimulam não só os neurônios como também células adjacentes.Outro possível condutor de eletricidade é o sistema circulatório, especialmente os vasos capilares. A corrente é aumentada sempre que ocorre algum dano no sistema circulatório. Isto acontece em resposta a um trauma, normalmente as paredes tornam-se, menos permeáveis aos íons, com isso o organismo aumenta o fluxo elétrico no ponto de reparo (Becker,1995; Craft 1998).

 

A corrente elétrica produzida pela microcorrente elétrica atua dentro da fibra nervosa, sendo conduzida através das células de Schwann, células satélite no gânglio de raiz dorsal e células da glia no sistema nervoso central, uma estimulação em nível celular. A terapia por microcorrente elétrica produz sinais similares aqueles que ocorrem naturalmente quando o corpo está reparando os tecidos danificados (Becker,1995; Craft 1998)

 

Os aparelhos de microcorrentes elétricas são projetados especificamente para imitar os sinais bioelétricos do corpo humano, gerando uma corrente elétrica para compensar a bioeletricidade que está diminuída no tecido ferido. Isto aumentará a capacidade do corpo em transportar nutrientes para as células da área afetada (Becker,1995; Craft 1998; Cheng et al,1982; Kirsch&Lerner,1990; Wing,1989).

Os  efeitos das correntes elétricas de baixa intensidade, foram comprovadas por  Cheng et al (1982) , a geração de trifosfato de adenosina, a síntese de proteínas e o transporte nas membranas em pele de rato por meio das importantes mudanças ocorridas em tecidos vivos, que são: a piroeletricidade (um potencial gerado por estresse), a piroeletricidade ,ou seja capacidade de geração de energia de alguns materiais submetidos ao calor e a ativação dos potenciais causados pelo movimento dos líquidos biológicos. Em seu trabalho, usando pele de rato seca, obtiveram a resistência elétrica estabelecida pela técnica de medida dos quatro pontos. Seu valor é considerado alto inicialmente e depois vai decrescendo linearmente com a aplicação de correntes acima de 50mA. Foi verificado que, em valores de corrente de baixa intensidade, a mesma se nivela até o ponto em que a distribuição ocorre no tecido.

 



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