A fotoproteção é fundamental para uma pele saudável e bem cuidada. Porém, segundo pesquisa liderada pelo consultor e pesquisador em cosmetologia Lucas Portilho, farmacêutico e diretor científico do Instituto de Cosmetologia e Ciências da Pele, poucos brasileiros parecem dar a devida importância para esta etapa do cuidado com a pele, o que pode levar a sérias complicações. “O Brasil é um dos países com maiores índices ultravioleta do mundo por se localizar numa região tropical do planeta e onde a exposição solar é uma cultura que está comumente associada a hábitos saudáveis; o que, como já se sabe, nem sempre é verdade. Entre as consequências da exposição solar sem fotoproteção estão as queimaduras solares, descamação e ressecamento da pele, o fotoenvelhecimento, surgimento de manchas e danos ao DNA celular”, afirma Lucas.
Em seu 4º ano, a pesquisa apontou que, dentre os 1793 entrevistados, apenas 27,5% aplicam filtro solar diariamente e 34%, quando aplicam o fotoprotetor, usam o produto apenas no rosto. “De 2014 para cá, o número de pessoas que utiliza protetor solar diariamente caiu em cerca de 15%. Essa redução mostra que a conscientização não convenceu a população a usar o fotoprotetor de forma correta. Talvez pelo alto custo e situação de crise financeira que se instaurou, a proteção solar ficou como segundo plano de consumo”, comenta o especialista. Além disso, 55% dos entrevistados não reaplica o protetor, o que é de extrema importância, já que, com o tempo, as substâncias químicas presentes nos filtros se degradam e perdem sua função de proteção. “A reaplicação do filtro depende totalmente da composição de cada produto. Por isso, é importante verificar no rótulo. Quando o produto não declara o tempo de proteção, o ideal é reaplicar de 2 em 2 horas.”
Porém, entre os dados divulgados na pesquisa, o mais alarmante foi o de que 80% dos entrevistados não sabem a quantidade correta de aplicação do filtro solar, que deve ser, para o rosto, de uma colher de chá. “Se uma pessoa aplica metade da quantidade recomendada de um filtro com FPS 30, ela recebe a proteção equivalente à de um FPS 8. E o pior é que, por achar que está protegida, ela acaba aumentando sua exposição ao sol, o que pode levar a uma lesão celular”, explica Lucas Portilho.
A pesquisa também apontou que metade dos entrevistados não levam em conta o fator de proteção contra os raios UVA na hora de escolher um filtro solar, sendo que esta radiação está presente na natureza em níveis muito maiores e mais expressivos que a radiação UVB. Segundo o farmacêutico, diferente da UVB, a radiação UVA consegue atravessar vidros e janelas e penetrar profundamente na pele, chegando até a derme, camada mais profunda da pele e onde se localizam as fibras de colágeno e elastina, gerando assim uma quantidade altíssima de radicais livres. Estes radicais livres causam o aumento da degradação das fibras de colágeno e elastina, que dão sustentação à pele, sendo as principais responsáveis pelo fotoenvelhecimento, incluindo rugas, linhas de expressão, flacidez e manchas. “Para que um protetor solar seja eficiente e seguro, ele não deve prevenir apenas contra os raios UVB. A proteção completa se dá pela combinação entre os ativos protetores de UVA + UVB. Enquanto o FPS é responsável pela proteção contra os raios UVB, o fator de proteção UVA tem a sigla PPD e deve corresponder a pelo menos 1/3 do valor do FPS”, completa.
Além disso, 48% dos entrevistados disseram que não aplicam o fotoprotetor em dias nublados, um erro comum, porém perigoso, já que a intensidade da radiação não está totalmente relacionada com o clima. “A medida relacionada com a fotoproteção é o índice ultravioleta. Em climas nublados, a radiação consegue atravessar as nuvens, então mesmo assim precisamos de proteção para não ficarmos expostos”, comenta o especialista.
A pesquisa ainda demonstrou outros hábitos dos consumidores com relação ao uso do filtro solar. Por exemplo, 21% dos brasileiros ainda consideram o bronzeamento uma prática saudável. Também, cerca de 43% da população brasileira se expõe ao sol pela manhã sem proteção, pois acreditam que é um horário seguro, mas apenas 10% recorrem ao dermatologista para indicações sobre como realizar a fotoproteção corretamente. “Os dados são alarmantes, ainda mais com o aumento do número de casos de câncer de pele no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), são registrados cerca de 180 mil novos casos a cada ano. Por isso, são necessárias medidas de larga escala para esclarecer à população sobre os malefícios da radiação UV e sobre o uso correto dos filtros solares”, finaliza Lucas Portilho.
FONTE: LUCAS PORTILHO – Consultor e pesquisador em Cosmetologia, farmacêutico e diretor científico da Consulfarma. Especialista em formulações dermocosméticas e em filtros solares. Diretor das Pós-Graduações do Instituto de Cosmetologia e Ciências da Pele, Hi Nutrition Educacional e Departamento de Desenvolvimento de Formulações do ICosmetologia. Atuou como Coordenador de Desenvolvimento de produtos na Natura Cosméticos e como gerente de P&D na AdaTina Cosméticos. Mestrando na Unicamp em Proteção Solar. Possui 18 anos de experiência na área farmacêutica e cosmética. Professor e Coordenador dos cursos de Pós-Graduação com MBA do Instituto de Cosmetologia e Ciências da Pele Educacional. Coordena Estágios Internacionais em Desenvolvimento de Cosméticos na Itália, França e Mônaco. Atua em desenvolvimento de formulações para mercado Brasileiro, Europeu e América Latina