Os visagistas são fundamentais para o desenvolvimento de um personagem, seja na televisão, no teatro ou para o cinema. Essa construção tem base na avaliação mais complexa dos aspectos físicos e psicológicos, as quais envolvem personalidade, idade, condição social, profissão, laços familiares, sonhos, frustações e traumas, entre outros. Para revelar os bastidores desse planejamento, a atriz Regina Duarte, 72 anos, marcou presença nesta segunda-feira no 7º Congresso de Visagismo, evento que ocorre na 18ª edição da HAIR BRASIL – Feira Internacional de Beleza, Cabelos e Estética, que vai até amanhã no Expo Center Norte, em São Paulo.
A atriz contou como foi o processo de construção de seus personagens a partir da aplicação de técnicas de visagismo, relembrando histórias e curiosidades. “No começo, fazia sozinha porque não havia dinheiro suficiente para contratar profissionais e assistentes”, relembra Regina. O bate papo, mediado pelo visagista Ivan Rizzo, passou por suas personagens mais emblemáticas na dramaturgia brasileira em telenovelas como “O Terceiro Pecado (1968), de Ivani Ribeiro, “Véu de Noiva” (1959) e Selva de Pedra (1972), ambas de Janete Clair, o seriado Malu Mulher (1979), de Daniel Filho e “Roque Santeiro” (1985). “
Cabelo verde
Em “O Terceiro Pecado”, Regina descoloriu as madeixas para viver Carolina. “Os produtos eram muito diferentes e eu sofri muito com essa transformação, pois fiquei com o meu couro cabeludo inflamado. Mas valeu a pena. Foi fundamental para a construção da personagem”, conta a atriz. Porém, quando entrou na piscina pela primeira vez após o processo de descoloração, teve uma surpresa: o cabelo alterou de cor. “Ele ficou verde! Até brincava de que era em homenagem à Amazônia”, diverte-se Regina.
Fama de difícil
Quando toca no assunto sobre sua fama de problemática nos sets por não deixar os maquiadores tocarem em seu rosto, defendeu-se. “É lenda urbana. Eu deixo sim, mas me sinto à vontade para indicar ajustes. Eu conheço o meu rosto melhor do que qualquer maquiador com quem já trabalhei”, afirma.
Construção de personagens Ao final de sua apresentação, Regina falou sobre a importância do ‘deixar de ser’ para se entregar aos personagens. “Busco conhecer cada um deles de fora para dentro, todos os seus detalhes, para eu construir sua personalidade. Em seguida, apresento a minha sugestão de proposta ao diretor. E tive a sorte delas sempre serem aceitas”, finaliza a atriz.