Já parou para pensar quanto tempo do dia você passa olhando para o celular? Pois saiba que o uso de dispositivos técnicos está acelerando o processo de envelhecimento em uma região difícil de tratar: o pescoço. A imprensa especializada americana até apelidou o problema como ruga “Tech Neck”. “A pele do pescoço é muito fina, praticamente sem glândulas sebáceas, com espessura próxima a dois milímetros, pouco hidratada e onde há grande movimentação natural pela própria dinâmica da região. A inclinação frequente da cabeça para baixo a fim de olhar o celular, tablet ou outro dispositivo, provoca sinais de envelhecimento mais rápidos”, explica a Dra. Claudia Marçal, dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia.
De acordo com a dermatologista, os movimentos musculares do pescoço realizados a todo o instante sejam voluntários como a laterização, extensão, inclinação para baixo ou mesmo na mastigação e fala produzem inicialmente pequenas linhas, que com o passar do tempo vão se acentuando. “Elas adquirem o status de rugas e sulcos bastante marcados como verdadeiros colares cervicais horizontais”, afirma.
O termo tem se tornado uma das novas preocupações em skincare, pois o constante dobramento da pele em movimentos repetitivos, característico da era das selfies, tem aumentado a procura por tratamentos preventivos e corretivos das rugas e linhas do pescoço.
A dermatologista acrescenta que a área é quase sempre esquecida, mesmo para quem tem o hábito de cuidar do rosto. “A própria característica local somada às agressões ambientais como água quente, frio, poluição, ar condicionado, sol, vento e o uso de perfumes contendo álcool e bijuterias (que podem causar hipersensibilidade local e alergias), podem provocar ainda mais ressecamento, vermelhidão e mudança da textura da região”, conta.
Prevenção
De acordo com a dermatologista, uma dica importante é, mesmo quando mexer nos dispositivos, manter a cabeça em um ângulo de 0 grau e a postura alinhada. O celular deve ser erguido na direção dos olhos. Com relação aos cuidados diários, a médica indica sabonetes neutros ou loções de limpeza à base de ativos calmantes. “As loções tônicas vêm na sequência e vão preparar a pele para receber o sérum tensor que pode conter Hyaxel ácido hialurônico de baixo peso molecular, antioxidantes, vitaminas e glicosaminoglicanas, além de substâncias que recuperem a volumetria da região como Adipofill e Sculptessence”, conta. O protetor solar deve ter FPS 30 no mínimo e ser reaplicado após quatro horas no dia a dia. “À noite, a região, após a higienização, pode receber água termal em jatos e após alguns minutos, usar vitamina C na forma de sérum, emulsão ou espuma associada a outras vitaminas como B5, E, F e alfa hidroxiácidos, alternando com nutritivos”, explica.
Tratamentos
A toxina botulínica figura entre os procedimentos mais utilizados hoje para tratar as linhas de expressão que formam os colares horizontais. “Ela também pode ser usada na porção central para diminuir a projeção das bandas do plasma, em sessões realizadas a cada seis meses”, afirma.
Além disso, tratamentos com lasers também apresentam bons resultados. Segundo a dermatologista, o uso de lasers fracionados ablativos, como Resurfx, com downtime (tempo de recuperação) de 48horas, promove neocolagênese, ou seja, uma nova formação de colágeno. “E quando associado ao ácido poli-L-lático, o Sculptra, ele pode ser feito na mesma sessão; começamos com o Sculptra de aplicação profunda em toda a área de tratamento na derme profunda, reticular, e logo a seguir, no mesmo tempo, é feita a aplicação do Erbium Glass 1565, com resultados realmente excepcionais para retração da pele, redensificação, melhora da elasticidade e tratamento da presença das rugas, das manchas e a textura da pele”, comenta.
Outra boa solução é o microagulhamento de ouro com radiofrequência associado a drug delivery com Vitamina C, Fatores de Crescimento, Ácido Hialurônico e Ácido Retinóico. “Aproveitando as portas de entrada que, pela penetração das microagulhas de ouro geram uma zona de coagulação por toda a sua extensão, o tratamento é associado à radiofrequência causando uma injúria indolor local e o aquecimento da derme e hipoderme. Isso remodela todo o colágeno e promove a redensificação e elasticidade do local da aplicação”, explica. As sessões são três em média, com intervalo de trinta dias.
Fonte: Dra. Claudia Marçal
Dermatologista da Clínica de Dermatologia Espaço Cariz, com especialização pela Associação Médica Brasileira (AMB), membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e membro da American Academy of Dermatology (AAD), CME (Continuing Medical Education) na Harvard Medical School.