O que é o ronco
O ronco é o barulho causado pela vibração dos tecidos da faringe quando o ar passa nessa região. A garganta do ser humano, especificamente a faringe, é muito estreita. Quando dormimos, há um relaxamento natural dessa musculatura e uma tendência de colapso nessa região que vibra quando o ar passa por ela. “A presença de outros fatores como a obesidade e a idade avançada aumentam a chance do ronco”, explica o diretor do Laboratório do Sono.
Essa condição fisiológica favorecedora do ronco é agravada no obeso pelo acúmulo de gordura na região do pescoço, que dificulta ainda mais a passagem do ar. Já em pessoas idosas e também nas mulheres depois da menopausa, o ronco é favorecido pela flacidez dos tecidos da faringe que, sob relaxamento da musculatura durante o sono, vibra na passagem do ar.
Segundo o Ministério da Saúde, mais da metade da população (52,5%) está com sobrepeso e, desses indivíduos, 18% já são considerados obesos. No quesito idade, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), não é diferente. Se hoje 8% dos brasileiros estão com idade superior a 65 anos, em 2030, serão 13% da população.
Ronco e apneia
A apneia obstrutiva do sono é caracterizada pela obstrução parcial (hipopneia) e/ou total das vias aéreas (apneia) recorrente durante a noite (nesse último caso, ocorre a parada da respiração por pelo menos dez segundos nos adultos). O ronco está presente em 70% a 95% dos casos de apneia.
A gravidade da apneia obstrutiva do sono é determinada pelo número de ocorrências de paradas da respiração por hora de sono: leve (5 a 15 paradas por hora), moderada (15 a 30) e grave (mais do que 30 eventos ou engasgos por hora de sono).
“Existem pacientes que possuem dois ou três eventos de apneia por minuto”, comenta a fonoaudióloga Vanessa. Para esses casos, caracterizados como graves, o tratamento indicado é o uso do aparelho CPAP (Continuos Positive Airway Pressure/pressão positiva contínua na via aérea – veja vídeo demonstrativo do aparelho).
A diminuição do fluxo de ar para os pulmões e as paradas respiratórias resultam numa menor oxigenação do sangue e em alterações no sistema nervoso autônomo (simpático) que, somadas, acionam uma cascata de alterações no metabolismo. Estão firmadas, assim, as bases para o surgimento e/ou agravamento da hipertensão, da aterosclerose e da obesidade, todos eles fatores de risco isolados para as doenças cardiovasculares, as que mais matam no mundo. Quando conjugados, eles aumentam ainda mais o risco de infarto, AVC e arritmias.
De acordo com estudo realizado na cidade de São Paulo pelo Instituto do Sono, um a cada três adultos tem algum grau de apneia obstrutiva do sono. Grande parte dessas pessoas segue sem diagnóstico e, portanto, sem tratamento, o que aumenta enormemente o risco das doenças cardíacas. “A presença do ronco pode ser um termômetro para que mais pessoas procurem o médico, seja diagnosticadas e tratadas”, alerta o Dr. Lorenzi Filho.
Os sintomas mais comuns da apneia são o ronco e a sonolência excessiva diurna. Em casos mais graves, pode ocorrer ainda sensação de sufocamento, ao acordar nas interrupções mais prolongadas da respiração. O sono interrompido provoca cansaço, dificuldade de concentração, irritabilidade, depressão, redução da libido, impotência sexual e cefaléia.